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quarta-feira, 8 de junho de 2011

PREMIAÇÃO NO 3º CONCURSO LITERÁRIO FARROUPILHA

Pessoal,

com muita alegria posto aqui no blog a premiação minha, da mãe e da Bru no 3º Concurso Literário Farroupilha 2011.
A Bruna ficou em 3º lugar na Categoria Literatura Livre (crônica Vidas cruzadas).
A mãe recebeu posição de destaque na mesma categoria, Categoria Literatura Livre (Anônimas Glorinhas)
E eu recebi, também Destaque na Categoria Poesia (Um cara chato)

O blog da Bru é http://www.brumadril.blogspot.com/  

Postarei a crônica da mãe e da Bruna, para que todos possam ler com prazer!!!






terça-feira, 12 de outubro de 2010

OS ANÕES IGNORADOS

Publicado no O Jornal de Uruguaiana, em 15 set 2010
e no Jornal da Cidade Online, em 27 set 2010.

A máxima de que “a união faz a força” foi retratada numa notícia, no mínimo interessante, da Revista Veja Online, dia 10 de setembro. Eis a manchete: “Em luta por árvore, formigas afastam elefante”. Quando o menor derruba o maior, faz-se alarde. Quando quem, naturalmente, estaria em desvantagem, muda a lógica do jogo e assume o poder, o fato é anunciado aos quatro ventos. E tem que ser, mesmo.
Essas minúsculas formigas são quenianas e conseguem afastar elefantes das árvores onde habitam, entrando nas suas trombas, incomodando-os. Dessa forma, os pesados mamíferos nem se aproximam das árvores. É a natureza se regulando, estabelecendo o equilíbrio de forças entre pequenos e gigantes. As árvores servem de lar às formigas, que as protegem dos elefantes, os quais se alimentam de outras árvores ilesas desses insetos.
A vitória do menor diante do maior também ocorreu com Davi e Golias, onde o gigante foi abatido por uma pedrada certeira. As micro e pequenas empresas lutam com todas as armas que dispõem para sobreviver entre um imposto e outro, queda nas vendas, assaltos e inflação. O guri da 5ª série quer ser como o adolescente do 3º ano, mas lhe tem medo. E em tempos eleitoreiros, os pequenos partidos lutam deslealmente contra as grandes alianças.
Percebe-se, facilmente, a diferença que tem as propagandas da Dilma e do Serra comparadas com a da Marina Silva e todos os demais candidatos. Enquanto nos presidenciáveis do PT e PSDB sobra tempo (10min38seg e 7min18seg, respectivamente), dinheiro e recursos multimídia, nos outros a simplicidade impera. Para quem desconhece o nome dos candidatos menos badalados, sabendo unicamente que existem Dilma, Serra e Marina Silva (PV), lá vão os demais: Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidelix (PRTB), José Maria Eymael (PSDC), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU). Mas... como o estimado leitor conseguiria gravar algum desses nomes, se Marina Silva e Plínio Arruda têm pouco mais de 01 (um) minuto para pronunciar-se e os demais candidatos-nanicos, míseros 56 segundos?
Se somarmos os tempos de Marina Silva e dos demais minuteiros, não atingiremos o tempo que a presidenciável Dilma dispõe na televisão/rádio. E, se contabilizarmos os orçamentos das campanhas dos primeiros, necessitarão serem multiplicados por muito para que se atinja a igualdade com os valores de Dilma e Serra.
Nas propagandas do PT/PSDB, a abundância financeira e temporal proporcionam histórias tristes de pessoas que lutam diariamente para conseguir o sustento, acompanhadas de músicas apelativas. Tudo isso com o único intuito de persuadir o telespectador/ouvinte. E é lógico que não tem como saber se a história é, verdadeiramente, real; se não é uma exceção à regra; se não é a visão distorcida de um fato que foi apresentado daquela maneira apenas porque era conveniente. Se no comércio existem leis que favorecem os pequenos empresários a crescer, no regime eleitoral a lei é quem oprime os candidatos dos partidos menores, estreitando o tempo.
Claro que sempre há alguns candidatos bizarros que fazem piruetas para chamar a atenção, com um discurso vazio, o que faz o processo democrático de eleição perder um pouco a seriedade. Desconsiderados esses banais travestidos de candidato, há, também, o desespero em apresentar uma proposta de Governo, em nível federal, num irrisório minuto. Você acha que cabe em 56 segundos as propostas para um país como o nosso? Se alguns candidatos são insignificantes nas pesquisas eleitorais, da maneira como o processo eleitoral segue, jamais conseguirão galgar degraus nas intenções de voto. Ninguém os conhece, nem há tempo para que sejam conhecidos!
“Se, reduzidos ao desespero, os inimigos vêm dispostos a vencer ou morrer, evita o combate. Deixa uma saída a um inimigo acossado; caso contrário, ele lutará até a morte”. É o que traduziu, em 1772, o padre Amiot, dos escritos de Sun Tzu. Ele passou do chinês para o francês. Sun Tzu ainda gera dúvida se existiu realmente ou foi apenas uma lenda. O fato é que “A arte da Guerra” foi escrita há cerca de dois mil e quinhentos anos e o livro é utilizado atualmente por empresas, de onde depreendem dos ensinamentos militares as decisões que os executivos necessitam tomar frente às problemáticas empresariais. Mas o que Tzu não previu nesses seus tratados sobre o combate, é que o eleitor seria o telespectador de um absurdo: mesmo com os candidatos-nanicos acossados, lutando com as armas que têm (paus e pedras, apenas), o sistema os tolhe e, ainda que lutem até a morte, desesperadamente e com todas as suas forças, pouco crescerão, porque não lhes é aberto espaço para falar.
Mesmo que alianças sejam feitas para aumentar o tempo de propaganda eleitoral e somar simpatizantes, distribuir desuniformemente os tempos é uma prova que não evoluímos tanto assim no processo eleitoral. A urna eletrônica é um avanço maravilhoso. O cadastro biométrico é excelente. Mas ainda há falhas.
O circo está montado, dois palhaços digladiam e a plateia presta atenção em polvorosa, ignorando os anões que se debatem à volta da arena.

EFEITO BORBOLETA

Publicado no O Jornal de Uruguaiana, em 1º Set 2010.

Neste último final-de-semana estava prestigiando a formatura de alguns amigos e deparei-me pensando em como o meu destino poderia ter sido diferente caso eu houvesse tomado outras decisões no decorrer da vida. Se não me mudasse daquela cidade, talvez estivesse junto aos formandos, seria um deles. Se não terminasse o primeiro namoro, estaria em outra formatura, noutra cidade. Se continuasse com a segunda namorada, talvez não estivesse nem em uma formatura, nem na outra. Destino modificado devido a uma série de escolhas. Algumas direcionam a vida para um caminho ou outro. Outras levam a esses momentos decisórios. Não se trata de atitudes deterministas como a fajuta mudança de destinos devido a detalhes, encontrado nos filmes da série “Efeito Borboleta”, e sim, de diversas ações que nos levam a algum lugar.

Aproveito e faço um gancho com a crônica da Martha Medeiros deste último domingo, dia 29 de agosto, na Zero Hora, “Em que esquina dobrei errado?”. Ela recorda de uma situação que passou, onde errou de esquina e foi parar “em lugar algum”. “Quanta gente perde a vida que almejou por ter virado numa esquina que não conduzia a lugar algum?” Já penso diferente da colega cronista: as decisões que tomamos, ainda que depois vejamos não terem sido as melhores, nos levarão a algum lugar sim, mas será um destino que não planejamos.

Uma amiga, sábia, disse certa vez: “Somos quem queremos ser, se optarmos podemos mudar. A decisão é nossa, não pedimos licença e nem mesmo perdão pelo que somos.” Um jogador, geralmente, não é expulso de um jogo de futebol pelo simples fato de uma entrada mais severa, mas por estar a todo momento cometendo faltas que são relevadas pelo juiz. Não perdemos um emprego simplesmente porque não agimos da melhor maneira numa situação, salvo os momentos de crise financeira, mas porque em diversos momentos deixamos a desejar. Não é só uma ação que nos determina. Precisamos de um conjunto de ações e motivos que nos conduzirão à ação principal.

Seguindo a lógica que apresentei, não podemos fazer recair a pequenos fatos toda a culpa pelos nossos fracassos. O sol brilha a todos e o relógio caminha na mesma velocidade, sempre, independentemente de credo, etnia ou classe social. O que fazemos com esse tempo é que vai, aos poucos, definirnos para a direção “A” ou para o caminho “B”.

E qual desses dois rumos é o melhor? Difícil dizer. Muitas vezes não conseguimos definir este antagonismo. Pode ser que ambos sejam bons, ruins ou que tenham doses de cada.

Desculpem-me os amantes de “Efeito borboleta”. Para um momento de curtição, divertimento, aqueles onde colocamos a chave do senso crítico em “off” e apenas queremos acreditar e iludir-nos com a história à frente, o filme é um bom entretenimento. Acreditar que, ao invés de deixar o amigo perto da explosão, salvá-lo irá mudar todo o seu destino, é ser um tanto bestial. Salvo casos isolados, haverá muitos outros fatores que no decorrer da vida definirão se a pessoa irá se tornar um viciado ou um intelectual. Ou os dois. O filme mostra que quando um fato da infância do protagonista é modificado, um novo futuro lhe é reservado. E essa mutação é constante. Jogar a culpa em Deus, no destino ou num fato que não é mais possível mudar é algo muito fácil. Difícil é enfrentar a realidade.

Há momentos na vida os quais queríamos que os fatos surreais do Efeito borboleta realmente pudessem ocorrer. Muita dor seria evitada. Mas não teríamos o senso crítico atual, porque não haveríamos sofrido o tal trauma, susto, seja o que for. E, quem vai saber se era, realmente, melhor ter trocado de opinião antes? Talvez seja melhor estar aqui onde está e deixar que o universo se ajeite de acordo como as coisas vão ocorrendo. Porque se não for, já está mais que na hora de ir em busca do tempo perdido.

O ESPETÁCULO DA SOLIDARIEDADE

Publicado no O Jornal de Uruguaiana, em 28 julho 2010. 

Há quem ajude pessoas e não conte isso a ninguém. Mas existem aquelas pessoas ou entidades que fazem da doação um grande espetáculo para promover-se. Pura jogada de marketing. Essa supervalorização de si acaba diminuindo a importância da doação e põe em dúvida a real intenção de ajudar o próximo. É o que vimos na reportagem do Jornal do Almoço do último dia 20.
A jornalista Cristina Ranzolin valeu-se excessivamente dos pronomes “eu” e “minha”, parecendo propaganda eleitoral. Demonstrava em cadeia estadual que ela e a RBS são pessoa e instituição solidários. Retratando a Ilha da Pintada, uma das tantas ilhas de Porto Alegre, retornou ao local depois da reportagem que o jornal exibira na semana anterior, mostrando as condições precárias de vida dos moradores de lá.
Acobertado por um motivo social e que sensibiliza as pessoas, voltou à Ilha da Pintada dizendo que veria se a reportagem da semana anterior surtira o efeito esperado de levar a população a doar alimentos e roupas àqueles miseráveis. “Cenas como estas que impressionam não só vocês que estão em casa, mas também nós jornalistas”. A reportagem começou mostrando ela acondicionando roupas e comidas (da população e dela, como bem destacou) numa caminhonete e o deslocamento da equipe de reportagem até a ilha. Pouco antes de chegar, ela disse “Logo que passei a primeira ponte, o cenário mudou: difícil imaginar que famílias inteiras morem nessas casas, se é que podem ser chamadas assim”. E lá está o uso do verbo em primeira pessoa: “logo que passei a primeira ponte”. Difícil imaginar, isso sim, que sendo jornalista há anos, ela ainda não tenha se deparado com a pobreza. Ou será que era drama para mostrar-se sensibilizada?
Retratou nada além da realidade que conhecemos em Porto Alegre, Uruguaiana e em qualquer cidade brasileira: barracos ancorados por madeiras velhas e crianças dormindo apertadas e passando fome. A visão das casas sob a ótica dela e frases como “cenas que não me saíram da cabeça” e “eu resolvi ir até lá para ver se alguma coisa mudou depois que a história deles foi mostrada aqui no JA (Jornal do Almoço) e também para levar algumas doações minhas” deixaram claro que a intenção não era mostrar como os moradores da ilha viviam, mas para que todos pudessem ver o tamanho da solidariedade da Cristina Ranzolin.
As condições subumanas daqueles moradores realmente entristecem, mas não são diferentes dos moradores de outra região periférica de qualquer cidade ou de Uruguaiana. Chocou, sim, ver uma criança nua, naquele frio (chovia e ventava) e a mãe, ao ser interpelada pela repórter o motivo de seu filho estar sem roupa e os demais descalços, responder que os calçados estavam para chegar e “ele (o menino) fica assim mesmo. Ele é que nem índio. É só tentar colocar a roupa nele que ele tira”. É difícil aceitar que os pais não consigam vestir uma criança de cinco anos. Quiçá dos filhos mais velhos. Parecendo candidata eleitoral, Cristina fechou aquela cena dizendo “O garotinho que não queria saber de colocar roupa, acabou aceitando que eu o vestisse com uma roupinha que eu levei da minha filha”. Precisava dizer que era da filha dela?
A preocupação residiu em demonstrar a solidariedade da emissora. Autopromoção velada e barata. O ápice da autopropaganda ocorreu no final da reportagem “Só mesmo indo até lá, como eu fui, para ver como a vida é dura para eles”. Realmente, no eixo estúdio-shopping-casa não existem casebres.
Caso semelhante presenciei numa formatura de conclusão da 8ª Série de uma turma de Educação de Jovens e Adultos, tempo atrás. A escola era particular, mas seus alunos não pagavam mensalidade. Eram pessoas carentes e recebiam, inclusive, transporte gratuito: um ônibus buscava-os em pontos-chave da cidade e levava-os para casa ao final das aulas. Até então, uma iniciativa louvável. Mas no discurso, o então diretor falou-lhes “tenham orgulho em estudar nesta instituição, pela qualidade do ensino”. Nada de aludir ao fato de serem adultos que retomaram os estudos depois de anos e concluíam o Ensino Fundamental conciliando a escola ao trabalho dentro e fora de casa. Não os encarou como lutadores, perseverantes, mas como sortudos que tiveram a felicidade de estudarem numa escola de primeira linhagem. Se o objetivo era destacá-los, não teve sucesso. O que ocorreu, em verdade, foi uma supervalorização da escola. Os alunos não eram mais o foco e sim, a escola. Da mesma maneira, a reportagem do Jornal do Almoço não objetivou mostrar que os moradores da Ilha da Pintada necessitam de um programa do Governo que preste assistência e melhore as suas condições de vida. Intencionou-se, sobremaneira, mostrar que a RBS é solidária e que a Cristina Ranzolin é uma excelente cidadã, prestativa e preocupada com o bem-estar social. A ajuda ao próximo fica em segundo lugar. Em primeiro está o quão bonzinho somos.

TAPA DE LUVA DE PELICA

Publicado no O Jornal de Uruguaiana, em 21 julho 2010

Não sei quando surgiu a expressão “tapa de luva”, mas foi muito bem bolada. Se empregada oportunamente, consegue exprimir com exatidão o que outras palavras não conseguiriam com tanta eficiência. Pois foi esse “tapa suave” ou “com classe” que presenciei pouco tempo atrás. E constantemente flagramos tapas desse naipe ocorrendo. Talvez não notemos, assim como meu avô não percebeu recebê-lo.

Quando mais novo e responsável pela educação de minha mãe e seus três irmãos, ele jamais os apoiou em quaisquer atividades que seja. A família era uma entidade que provavelmente pesava nas suas costas, mas certamente era quem lhe dava um pouco de conforto e sustento. Era alcoólatra e suas bebedeiras refletiam na esposa e nos quatro filhos: distanciamento, perda de qualquer demonstração de carinho e respeito, medo. Total desestrutura familiar. Assim como ele, milhares de famílias sofrem esse drama, hoje ainda.

Na suas pobres ignorâncias de trabalhadores braçais, ele e minha avó nunca puseram um livro nas mãos de seus filhos. Pelo contrário. Recomendavam que não lessem, pois era bobagem, tempo perdido. Infelizmente, essa realidade também não sumiu com o passar dos anos. Minha mãe lia os poucos livros que tinha acesso escondida, entricheirada no seu quarto. Sumia com os volumes literários debaixo da cama assim que ouvia algum rumor. Chegava a ensaiar como fazê-lo, tal era o medo de represálias. Ironicamente, hoje ela é professora de Língua Portuguesa e a principal responsável pelo meu gosto pelo mundo da escrita. Mas esse não é o tapa de luva. Ele vem logo abaixo, também devido a uma ironia do destino.

As bebedeiras de meu avô diminuíram e as monossilábicas palavras de outrora foram substituídas por longos diálogos. Atualmente ele não perde um encontro de família, visita todos que pode e conversa, parecendo uma caturrita. Numa dessas visitas, passou lá em casa e por coincidência, no dia seguinte chegaram os exemplares da antologia que eu e minha mãe participamos, cada um com um conto.

Ele pousara lá e os exemplares chegaram durante a tarde. Antes que eu chegasse em casa para vê-los, meu avô já os havia pego, guardado consigo e retornado a São Borja, cidade que reside. Levara um jornal literário com contos e crônicas e um livro com um conto, todos de sua filha. A mesma que lia escondida, apreensiva caso ele visse. Mas dessa vez ele não brigara com ela. Pelo contrário, abrira um largo sorriso ao saber da existência do jornal e do livro, orgulhoso do sangue do seu sangue.

Levara um “tapa de luva”, de luva de pelica e, provavelmente, nem tenha notado. Recebera uma lição de vida aos 71 anos e talvez não tenha consciência disso. Mas certamente saiu feliz pelo sucesso da filha, independente de perceber que ela superou a sua reprimenda, prosseguiu lendo e começou a escrever.

A dificuldade encontrada para ler não é um caso isolado. Basta olharmos um pouco para nosso umbigo. Uruguaiana sofre todos os anos para conseguir ter uma feira do livro. Muita gente fica sem saber. Quem ouve falar, não vai. Meia dúzia de leitores prestigiam-na e ela permanece às moscas. Claro que o preço de um livro custa muito caro para uma família que mal consegue alimentar-se. E na disputa entre refeição e leitura, o papel perde com facilidade. Mas, também, em casa as crianças são pouco estimuladas a ler.

Quando o acesso ao mundo literário é possível, que é o caso da escola, o aluno tem o direito indissociável de entrar em contato com as histórias infantis. Contudo, ainda que aprenda a ler e escrever no colégio, é muito importante ouvir histórias das bocas dos seus pais. Para que não surjam histórias como essa. Até porque tapas de pelica não são tão comuns no dia-a-dia.

AMIGOS DE SEMPRE

Publicado no site da Casa do Poeta de Santiago,
em 08 junho 2010

Semanas atrás fui para Santa Maria a trabalho. Uma semana. Inicialmente fiquei chateado, pois essa viagem atrapalharia muito os meus estudos. Mas eu sabia que coisas boas estariam por vir. Isso porque já morei lá e quando saí deixei muitos amigos que até hoje converso. Não com a mesma periodicidade, mas ainda tão íntimos quanto um irmão mais velho. E também ficou um casal de velhinhos (vamos chamá-los de melhor idade, porque o espírito jovem deles torna injusto alcunhar-lhes dessa maneira). Os eternos tio Newton e a tia Criseida.
Conheci-os em 2004 num Grupo de Jovens chamado Jufra. O local? Paróquia de Nossa Senhora de Fátima. O significado de Jufra? Juventude Franciscana. Podes procurar no Orkut. Vais encontrar muitas comunidades inspiradas em São Francisco de Assis, o protetor dos animais. Assimilei esses conceitos e muitos outros com os tios. Mas o mais importante foi a experiência de vida que eles me transmitiram. Os valores que passaram com seu exemplo. E a sempre solicitude que eram e ainda são com todos a sua volta.
Retornar à casa amiga sempre é bom. Traz consigo um pouco de nostalgia. Mas novos ares, por mais conhecidos que sejam, sempre são bons. Pessoas novas que se encontra. Tio Newton e tia Criseida reencontrados.
No sábado dei uma espacapadinha do trabalho e fui à reunião semanal da Jufra. Cheguei antes dos tios. E encontrei dois ou três rostos conhecidos ainda de 2004 e o resto era tudo pessoal novo. Conversava com o Guilherme quando brados e canções davam salvas a quem chegava. Eram os tios. Uma rapazeada de 15 a 18 anos, quase ninguém passava dessa idade, todos louvando a presença dos tios. Fiquei feliz por isso. Abraçamo-nos e atualizamos alguns fatos. Porque pôr em dia tudo precisaria de mais uma semana.
Ao final do encontro cada um fez uma prece em voz alta. Agradeci a receptividade de todos e em especial do tio Newton e da tia Criseida. Salientei que como meus pais moravam em Uruguaiana em 2004, foram eles os meus pais de Santa Maria. E acho que ainda são. Porque pai não é somente aquele gerou, mas quem criou, quem amparou nos momentos ruins e quem inspirou confiança quando um mar de dúvidas nos domina. E não continuei. Porque prosseguir falando como eles haviam sido bons comigo far-me-ia derramar algumas lágrimas.
Foi bom vê-los. Também ótimo descobrir que outro amigo que fazia agronomia desencantou-se com a vida do campo e rumou à filosofia. Tenho, então, um amigo filósofo! disse-lhe. Quase isso, redarguiu-me, talvez achando um tanto elevado o título dado. Mas como ele não seria se andava à volta de Kant, Rousseau, Sócrates e tinha na cabeceira um livro de Platão? Era gostoso conversar com ele e ver-lhe os questionamentos intermináveis e relativismos sempre ponderados com a teoria lida e o conflitante empirismo. Perdia um pouco a graça quando chegava ao ponto de, mesmo esforçando-me muito, não conseguir acompanhar seu raciocínio e abstrair suas ideias.
Também achei incrível quando o Guilherme, outro amigo meu e anfitrião da minha morada naqueles dias, ligou para outro conhecido dos tempos de Santa Maria. Adivinha quem está aqui? Uma chance. E do outro lado veio o tiro na mosca. O Giovani. Dois anos depois eu retornava a passeio ao centro do estado e ainda assim ele acertara supondo que eu lá estava. Assustei-me com isso, pra não dizer que fiquei lisonjeado.
Voltei a Uruguaiana no domingo, exata uma semana depois de haver abandonado a Fronteira Oeste temporariamente. E muita história para contar. E com um sorriso nos lábios. E com as amizades reforçadas. E com a certeza de serem os tios, o filósofo e todos os outros, as pessoas que verdadeiramente fazem uma cidade ser hospitaleira ou não. Que tornam acolhedora ou insensível, Santa Maria. Serem as pessoas que lá vivem as causadoras de boas ou más lembranças. Com Uruguaiana é a mesma coisa. É uma cidade longe de Porto Alegre? Depende do ponto de vista. Eu responderia que não é longe da capital e sim perto de Buenos Aires. Se aqui falta alguma coisa que num centro maior tem, falo sobre o que é material. Porque as pessoas boas que encontrei em Santa Maria existem aqui também. Com outros nomes e sobrenomes, mas são de carne e osso. E coração.

O QUE VOCÊ FEZ NAS FÉRIAS?

Publicado no jornal Letras Santiaguenses de mar/abr 2010

Se eu fosse adolescente, quando voltasse às aulas e fizessem aquela pergunta clássica o que você fez nas férias, teria muitas histórias para contar. Mas dentre todas, as que giram em torno dos familiares são incrivelmente as melhores. Tudo bem se fez festa, se conheceu cidades novas, pessoas diferentes; mas se reviu os parentes, os primos, se saiu com eles ou teve um papo de horas a fio, sentado num banquinho de madeira sorvendo um amargo, aí sim está a melhor parte das férias.
Fui para minha cidade natal, Santo Ângelo. De última hora acabei saindo com minha prima, mais nova, e os pais dela. Ia comigo um amigo de anos que decidiu aventurar-se entre os meus conterrâneos. Fomos à Kerbfest Missões, uma festa que ocorre anualmente em São Paulo das Missões. É uma terra de descendentes de alemães, mas tinha gente de todas as etnias lá. Conheci primos da minha prima e primos dos primos. Uma família grande, uma vez que meu tio possui onze irmãos. No caminho para a tal festa passamos por Salvador das Missões, outra cidade minúscula da região mas de valor incomparável, com tradições tão fortes e bonitas quanto as de São Paulo das Missões.
No início das férias minha ideia havia sido ir a Salvador, BA, de avião, para depois ir a Porto Seguro. Mas houve problemas e acabei abortando a viagem. Iria fazer uma escala em São Paulo, porque assim o voo saía mais barato. Ao cruzar pela placa de Salvador das Missões veio uma luz e mandei uma mensagem para minha mãe: “Estou com o tio Cênio. Chegamos em Salvador e depois vamos a São Paulo”. Claro que falava das cidades das missões, mas a brincadeira já estava feita. Não deixara, assim, de fazer as viagens que pretendia. Tinha um missões depois dos nomes das cidades, mas isso era um detalhe.
E passear com meus tios foi bom. Conversar com minha prima que já tinha 15 anos foi diferente, pois ela já não era mais uma menininha, uma criança. Já dava para ter papos mais adultos, ela já compreendia as coisas com maior profundidade que alguns anos antes, quando ainda era a priminha menor.
Ainda em Santo Ângelo, na casa de meus avós paternos, fomos pegar os ovos no galinheiro. In loco, fizemos algo que pessoas de grandes metrópoles dificilmente têm acesso, que é o contato direto com os animais e a aquisição do alimento direto da fonte. Porque tenho minhas suspeitas que há crianças achando que o leite é produzido numa máquina e que a vaca não tem nada a ver com isso. E por que um pensamento assim? Porque a vida no campo é algo muito abstrato em determinadas cidades.
Percebi-me um urbano irreversível quando entrei no galinheiro. Nos idos anos da minha infância eu brincava com as galinhas, agarrava-as, tomava bicadas de galos, fazia arapucas, prendia-as e depois soltava, pelo simples prazer de sentir-me superior àquelas aves. Já adulto, não criei coragem suficiente para levantar uma galinha e pegar seus ovos. Estávamos eu, minha prima e esse amigo aventureiro. Depois de cinco minutos conseguimos afugentar o galináceo e logramos os cinco ovos que estavam escondidos sob o animal. Mas para isso toda a família mobilizou-se para assistir à hilária situação. A avó e a tia riam-se de nós. A outra tia retratava e levava à eternidade aqueles momentos de extrema graça. E meu avô, que havia se acidentado há poucos dias, caminhava com dificuldade e tinha curativos por todo o corpo, também parou para olhar aquela cena, no mínimo, ridícula. Tenho provas em vídeo de que foram precisos três para tirar a galinha do seu lugar. De longe ela parecia tão inofensiva. Mas bem próxima suas feições adotaram um aspecto mau e o olhar fuzilava-nos.
Revi, ainda, meus parentes de Tuparendi. Para quem não é do Rio Grande do Sul e talvez até mesmo os que são e não têm noção de onde estou falando, sugiro entrar no Google Mapas que ele mostra certinho onde ficam todos esses municípios citados. Por serem cidades pequenas e de evidência menor na mídia, acabam sendo desconhecidas nos rincões mais longínquos. Conversando percebi que há quase dois anos não ia lá. Senti-me envergonhado, mas era tarde. Porque quando alguém morre, toda a parentada vai até o local do velório. Mas nas horas boas, pra rever um parente querido, vivo, ninguém aparece. Até então eu também não aparecera.
São simples acontecimentos como esses que fazem valer as férias. Que compensam os gastos e desgastes com as viagens. Infelizmente, nem todos têm uma boa relação familiar. E isso, com certeza, é um ponto importante. Mas família não é, obrigatoriamente, aquelas pessoas de mesmo sangue, mesma carga genética. Podem ser as pessoas que sentimos como nossos entes queridos, em quem temos um porto seguro, podemos confiar, desabafar. E rever essas pessoas adoráveis é muito importante. E, se possível, que não seja só nas férias.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A CRIANÇA EM CADA UM

Publicado no jornal Letras Santiaguenses Jul/Ago 2009
e no jornal Tribuna em 24 de agosto de 2009

As crianças são especiais. Não as considere gente, mas pequeninos anjos que Deus criou e que um dia deixam essa sua condição de especiais e crescem. Continuam maravilhosas, permanecem encantadoras, mas não são mais crianças. Tornam-se adolescentes, ou aborrecentes, como muitos as chamam durante essa intempestiva fase da vida. Amadurecem, são consideradas adultas, conquistam os seus objetivos, seus ideais (ou não) e envelhecem. Idosas, passam a compor uma parcela pouco valorizada da sociedade, mas muito importante, seja pela sua contribuição ou pela sabedoria que carregam consigo que só a experiência de vida pode proporcionar.
Mas falávamos em crianças, nos inocentes que serão os adultos do futuro. Quem não se encanta ao ver um toquinho de gente todo entrouxado pelo frio, o narizinho vermelho, as bochechas rubras com o corpinho todo encolhido? Aquele andar natural e o rosto tão suave que mal parecem verdadeiros.
Anos atrás poderíamos dizer que eram pimpolhos que se vestiam sem preocupação alguma com a estética, apenas interessados em bonecas e carrinhos. Hoje esse quadro modificou-se um pouco. Vemos meninos e meninas arrumadinhos como gente grande. Parte por vontade dos pais, que querem que seus primogênitos reflitam tudo aquilo que creem ser belo. Parte pela influência da televisão, internet e pelas conversas com seus amiguinhos. Anseiam pelas roupas mais atuais, tênis e sapatinhos de marca, na ideia de que ficarão mais bonitos assim.
Pois não precisam de nenhum artifício para serem lindas. O ar da inocência de uma criança já conquista um adulto e amolece um duro coração.
A criança é aquele ser inconveniente, às vezes, porque não sabe o que ocorre a sua volta e ninguém explica. A irmã mais velha que está no telefone namorando com o colega de aula e que não quer explicar com quem conversa. “Mana, tá falando com quem no telefone? Com ninguém, Matheus. Como não, mana, tô vendo. Quem é? Matheus, vai lá na sala que a mana já vai daqui a pouco, tá?” Mesmo não convencido, o pequeno curioso abandona o quarto e deixa-a sossegada no seu canto.
Pode ser, também, um delator. Porque não há nada que fale que não seja puramente sincero. Os pais conversam e a campainha toca. Pedrinho, vê lá quem é. É a tia chata que veio pro almoço. E sempre chega nessa hora! A criança escuta o comentário dos pais, volta antes que lhe digam algo e dirige-se à indesejada. “Você veio pro almoço, né? Só vem na hora do almoço, né?” E já chega a mãe, atordoada com as palavras do filhote. Haja saliva para desfazer o mal entendido. Ou melhor, pra desfazer o bem entendido.
O acesso irrestrito aos novos meios de comunicação e a toda a gama de possibilidades que estes fornecem, modificou alguns aspectos do desenvolvimento cognitivo das crianças. A informação passou a ser mais fácil de ser encontrada. Assim como jogos educativos tridimensionais e interativos que aguçam o pensamento infantil. E lado a lado com os benefícios, os conteúdos impróprios a menores também são de uma facilidade enorme de serem acessados. Os efeitos disso são minimizados com os bloqueadores de conteúdo, onde um pai pode controlar o que seu filho acessa e dessa forma melhor orientá-lo na sua navegação, assim como proibir a entrada em sites indesejáveis. O que não impede que o proibido em um lar também seja na casa do coleguinha, onde não há tanto controle nem acompanhamento paterno. E aí o problema reside em mostrar o que pode, o que não pode, independente de proibição. Além disso, sempre é bom fiscalizar as atitudes dos pequenos, ser um amigo sempre que possível, interando-se do que fazem e pensam.
Não é por nada que Michael Jackson construiu um parque de diversão onde morava, o Neverland, a Terra do Nunca. Ser criança é o que há de melhor. Sem preocupações, nem contas para pagar ou metas a atingir. Ah, como era bom ser criança, sem responsabilidade nenhuma. Não é isso que por vezes suspiramos e aspiramos? Hoje é fácil dizer que é fácil ser criança. Mas quando éramos, não era, não. Com pouco conhecimento de mundo, queríamos saber de tudo, porque tudo era novo. Não era, diferentemente do que hoje pensamos, fácil ser criança.
Era puro, sim, ser criança. Era inocente ser criança. Era natural ser criança. Era bom, muito bom. Mas agora também é bom ser adulto. Se era bom não ter responsabilidades e poder brincar o dia todo, hoje é bom poder sair, conhecer novas cidades e pessoas, agir livremente, sem tanto controle quanto na infância.
Michael era excêntrico, dependente químico, endividado, suposto pedófilo, mas um excepcional artista. Neverland era um capricho, muito dinheiro investido para pouca gente aproveitar. Mas uma prova de que a infância que residiu em nós nunca se apaga. O anjo que éramos já não é mais o mesmo, mas ainda persiste em nosso interior. Não possuímos mais a cândida inocência da infância, nem a birra interminável dos 13 anos. Desfrutamos o prazer da maturidade aliada à experiência, com gotas de muita expectativa e sonhos a serem realizados. Mas, de certo modo, nunca crescemos por completo.

A MÁ COMPANHIA

Publicado no Jornal Letras Santiaguenses jul/ago 2009

Como é de praxe, sempre dá pra tirar bom proveito das crônicas da Martha Medeiros. Em algumas xingamos a escritora, discordamos, esbravejamos contrários as suas perspectivas. Até nos tocarmos que cada um pensa de um jeito, cada cabeça uma sentença. E mesmo quando não apoiamos suas ideias, fazemos um gancho com os males que nos assolam e tiramos um ensinamento.
Dessa vez, concordo com ela. A sua crônica “Os ausentes”, de 28 de junho de 2009, do Caderno Donna da Zero Hora, abordou as pessoas que têm um dom funesto de serem desagradáveis e não fazem questão nenhuma de mudar isso, melhorar a própria companhia.
“Se não quiser participar, tudo bem, então fique na sua: no seu canto, na sua respeitável solidão”. Se achar que não é alguém aprazível para o convívio, então tente mudar. Mas se não for esse o seu objetivo, faço das palavras da Martha as minhas: não precisa carregar essa má companhia até os outros, fique na sua e não estrague a noite de alguém.
Há aquele amigo que brigou no trabalho e chega à mesa com a cara emburrada, responde monossilábico e sai mais cedo, destacando seus movimentos: joga os pratos com força na pia, chuta o papel que está no chão e bate a porta. Isso se já não fizera um comentário desprezível durante o almoço, ferindo alguém para depois retirar-se.
Essa preocupação exclusiva com o seu umbigo é muito triste. Sim, triste. Porque o indivíduo, ao agir assim, não percebe que a vida não é um sistema solar, que ele não é o sol e os outros o Planeta Terra. Importa só o seu problema. E que se dane se o outro está feliz, se ocorreu algum fato maravilhoso na vida do irmão, vizinho, colega e se ele está louco para contar-lhe. Aí, aquela alegria estampada no rosto murcha igual a balão furado e a carranca contagia tão intensamente quanto o bocejo. É o efeito cascata. E o dito sujeito pioneiro no baixo astral retira-se, deixando uma marca. A cara fechada.
O mundo não precisa ficar sabendo que estamos com um problema. Não que tenhamos que guardá-lo. Partilhá-los como catarse, faz bem. Mas se eu estou péssimo, cabisbaixo, não preciso deixar meu semelhante do mesmo modo. As pessoas desconfortavelmente pessimistas são assim.
Como é agradável encontrar uma pessoa que é sempre “pra cima”, motivadora, estimulante. Aquela pessoa que mesmo com problemas, ri da própria má sorte e reverte esse momento em uma oportunidade de aprendizado. Os tempos ruins chegam, tempestuam nossas vidas, derrubam algumas construções, mas passam. Sejamos proativos e ao assumir nossa falha, procuremos os erros que nos levaram à situação, para não mais repetir.
Conheço uma professora que é um estímulo, seja na chuva ou no sol. Estudei com ela, já vi seu trabalho, mas o grande trunfo não está em como a percebo e sim no que escuto. Seja no colégio onde dirige ou na faculdade que leciona, são só elogios. Dia desses presenciei uma eleição numa de suas turmas. Estava sendo realizada a escolha de uma nova disciplina a ser trabalhada no semestre seguinte. Um dos argumentos que fez com que elegessem a disciplina que essa professora lecionaria foi a maneira como ela apresentava a matéria. O gosto que demonstrava ao trabalhar seu conteúdo. O empenho que tem em fazer o seu trabalho. Realmente, quando fala, seus olhos brilham, vibrantes com o que diz. Bem diferente de quem é baixo astral. E muito mais estimulante.
Pessoas desagradáveis são sempre dispensáveis. Há muitos problemas para serem solucionados e muita energia a ser gasta com coisas úteis. Dispenso alguém que não se empenha ao menos um pouco em ser agradável. Concluo parafraseando a profª Martha. Seus escritos são uma aula. “Melhor uma ausência honesta do que uma presença desaforada”.

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