sexta-feira, 19 de novembro de 2010

LOBATO, O ALGOZ DOS NEGROS

O replay de incompetências que acometeram os responsáveis pelo ENEM e uma denúncia descabida de um mestrando em Educação que deveria ter permanecido estudando ao invés de promover besteiras como a de que Caçadas de Pedrinho “não se coaduna com as políticas públicas para uma educação antirracista”, mantêm o ensino brasileiro em voga nas rodas de conversa. Acreditava que depois do fim das campanhas políticas e das promessas duvidosas com relação ao futuro da educação em nível nacional, livros, professores, escolas e alunos seriam esquecidos no fundo da gaveta dos pensamentos de políticos e da mídia. Não foi isso o que ocorreu, mas infelizmente os motivos não são os melhores.
A democracia permite posicionamentos toscos como este. Mas o debate é válido. Apesar de não ter encontrado nenhum literato que se alinhe às ideias simplistas do Sr. Antônio Gomes da Costa Neto, o denunciante ao CNE, nossa literatura nacional sairá vitoriosa após o enfrentamento de ideias que a desastrosa iniciativa gerou. Todos querem dar pitaco se Monteiro Lobato foi preconceituoso ou não, se ele deve ser visto a partir de agora como um escritor discriminador, se a sua produção literária deve receber um carimbo de “radioativo” na capa ou se deve passar pelo aceite do DOPS. No final dessa história, estaremos mais maduros com relação ao assunto. Espera-se.
Concordo de que haja preconceito em algumas passagens da obra de Lobato: “É uma guerra das boas. Não vai escapar ninguém – nem Tia Anastácia, que tem carne preta. As onças estão preparando as goelas para devorar todos os bípedes do sítio, exceto os de pena. […] Tia Anastácia trepou na árvore que nem macaca de carvão.” Assim como incita à caçada de animais silvestres. Não existia, à época da publicação da obra, uma lei que regulasse a caçada a animais. Da mesma forma, nos idos anos de 1924, quando foi publicada “A caçada da onça” que atualmente tem o título de “Caçadas de Pedrinho”, a escravidão ainda era viva na memória dos brasileiros e o negro recém começava a sua luta por um lugar ao sol dentro da sociedade.
Se havia preconceito racial em algumas passagens, em contrapartida, Lobato defendia os negros em outras. E assim como ele, muitos outros escritores, de renome mundial, também foram preconceituosos e nem por isso perderam o seu valor literário. Mark Twain, escritor norteamericano e criador de “Tom Sawyer” e “As aventuras de Huckleberry Finn”, também não era politicamente correto. E nem por isso suas obras saíram das bibliotecas e foram postas em praça pública para serem queimadas numa fogueira junto a bruxas. Há que se perceber e refletir sobre o preconceito nos seus escritos, mas não censurar.
Se o que é ético modifica de acordo com o passar dos anos com a evolução da sociedade e a alteração dos valores, da mesma forma o que é legal e ilegal, o correto e o errado também evoluem dialogicamente. Fato este que o Sr. Antônio Gomes da Costa Neto não levou em consideração. Nem ele, muito menos todos os conselheiros da Câmara de Educação Básica do CNE.
Ocorre que tudo o que é escrito e falado deve ser interpretado com senso crítico. As notícias em jornais, uma novidade contada pelo amigo, reportagens em revistas especializadas e os inflamados sermões de políticos, necessitam serem lidos e escutados com cautela e ponderação.
E o professor é formado para tal, de maneira que perceba essas visões distorcidas da realidade e, junto com a turma, reflita sobre a visão de mundo que o escritor tinha em dado período histórico e como a sociedade evoluiu de lá para cá.
Apenas censurar é um retrocesso. Saímos de um regime ditatorial e não queremos voltar. Mas não nos importamos em sermos ditadores da livre expressão de um escritor que expôs suas ideias quase cem anos atrás. Ou por acaso Monteiro Lobato deveria pensar um século à frente da sua sociedade e projetar em sua mente um mundo menos desigual, onde as Universidades destinam cotas a afro-descendentes, perpetuando o preconceito?
Lamento muito não estarmos discutindo melhorias para a educação básica, principalmente. Não debatermos os números modestos do desempenho dos nossos alunos, nem o salário dos professores, o sucateamento das escolas ou o obsoleto em que se tornaram as matérias escolares. Essa aparição desastrosa do Sr. Antônio Gomes parece-me mais uma necessidade de se tornar conhecido. Se foi isso, ele conseguiu. O seu lema “falem mal ou falem bem, mas falem de mim” foi uma estratégia chula, mas que infelizmente deu certo.

2012 - o fim do mundo (assistir ao filme)




Tenho postado todas as minhas crônicas, contos e poesias neste blog, fazendo deste endereço testemunha de toda a minha produção literária. Pobre blog, recebe cada postagem... mas que eu gosto e espero que vocês gostem.
Contudo, tenho sido muito impessoal, apenas postando as crônicas, sem falar sobre o que penso sem que haja, necessariamente, o formato de crônica, conto, poesia, ensaio, dissertação ou qualquer gênero textual.
Pois aproveito, agora, para expressar-me.
E sobre um filme 'cachorro' ao qual assisti: 2012.
Não vou gastar muitas linhas falando mal sobre ele porque os milhões gastos em produção e divulgação se Fquer merecem mais que uma. Faz tempo que foi lançado e até então, não havia olhado. Felizmente. Porque o fraco pseudorremake de 'Inferno de Dante' e 'Vulcano' é muito tosco. Bandeira americana aparecendo, bonzinho que se salva, família que se une, uma dos vilões da história morre, seus filhos tornam-se bons, tudo dá mais certo que numa livre imaginação, piloto de avião altamente competente sem nunca ter voado e efeitos visuais que não coonvencem meu vizinho de 5 anos.
Engraçado como o mundo acabava e as pessoas continuavam a respeitar hierarquias e leis e não se desesperavam...
Barbaridades que me fazem crer que diretor, roteirista e todos os demais produtores são altamente incompetentes em criar uma história decente, mas exímios publicitários.
Mas como melancia oca só se compra uma vez, não pretendo assisti-lo uma segunda vez.

domingo, 7 de novembro de 2010

COMO NOSSOS JOVENS ESTÃO MUDADOS...


Publicado no Jornal da Cidade Online, em 07 Nov 2010

Vejamos três situações. Qual delas parece mais absurda? Um grupo de crianças de oito anos vendo um filme pornô, esse mesmo grupo assistindo a Passione ou sentados, após o horário escolar, lendo um livro? Sem sombra de dúvida, a alternativa “C” deve ser marcada. As crianças de hoje não são mais como antigamente. Tudo começava mais tarde, as pessoas eram mais inocentes, havia menos perigo em andar na rua, corria-se menos, as crianças respeitavam mais os pais, os alunos eram mais atentos em sala de aula. Não havia criança que dormisse na escola, todas as relações eram reais e não virtuais, os valores eram respeitados, palavra de pai era obedecida de olhos fechados e havia menos corrupção. Realmente, o mundo está perdido. Assim como está escondida em algum lugar, perto de onde Judas perdeu as botas, a noção de que as crianças de hoje são nada mais, nada menos, que o puro reflexo da incompetência dos adultos, da banalização de tudo promovida pelos seus pais, tios e avós.
É ilusão pensar que 20, 30 anos atrás, o mundo todo era um mar de inocência. Não era e nunca foi. Na Idade Média, nobres traíam suas esposas com escravas e muito antes disso, todo o tipo de pornografia ocorria nos bastidores da sociedade. Originalmente, o Brasil foi formado por três raças, o branco-lusitano, o negro-escravo da África e o índio-primeiro habitante usado e abusado. Os portugueses que se adonaram de Pindorama/Ilha de Vera Cruz, estupraram escravas e índias, miscigenando os três povos. Essas barbaridades eram comuns pela falta de leis na colônia portuguesa ou porque era a própria lei que cometia os males. No início do século XX as aparências também eram um fator de ascensão social. E de que forma eram feitas as sacanagens? Às escondidas. Ocorriam, mas todos faziam que não existiam. Fomos tornando-nos cada vez mais próximos do que é humano, decente e ainda achamos que no passado tudo era mais casto.
Sim, é verdade que quando eu era um simples estudante da 1ª série do Ensino Fundamental (e isso não faz tanto tempo assim), a Globo e SBT, únicas emissoras que o canal aberto transmitia lá em casa, os desenhos animados eram os perdidos num mundo paralelo em Caverna do Dragão, o ecológico Capitão Planeta, Ursinhos Carinhosos, TV Colosso e Muppet Babies. Antes disso tinha o Sítio do Pica Pau Amarelo e antes ainda, clássicos da literatura infantil narrados nas rádios.
As apresentadoras usavam macacão e o máximo que víamos das suas carnes eram os braços, as canelas e os lindos rostos. Assistíamos aquilo o que os adultos da época preparavam para nós. Que eu saiba, nenhuma criança era dona de emissora de televisão, nem tinha poder de decidir o figurino dos apresentadores, o que falariam, muito menos o que seria transmitido.
As crianças que assistem, atualmente, aos programas de televisão, olham aquilo que os mesmos adultos de antes e outros que cresceram, programam. E são esses adultos que criaram e promoveram o surgimento do show de nádegas da Mulher Melancia e tantas outras frutas cheias de carne por fora e ocas por dentro. É óbvio que todo esse sexo exposto não foi parar apenas nos olhos e ouvidos dos adultos, mas também das crianças que sentam na sala e assistem junto aos pais Passione e Ti-ti-ti e veem seus atores trocando carícias, falando de sexo, tirando as roupas e simulando a conjunção carnal.
E são esses adultos que criam séries de grande audiência como Malhação, onde os personagens passam de bandidos de último caráter a bonzinhos-heróis num passe de mágica. Parece fácil ser bonito, popular, inteligente e sempre saudável como o elenco representa. Assim como “Rebelde”, que talvez tenha surgido com a ideia de mostrar o lado rebelde dos adolescentes, mas as ninfetas “rebeldes” ficaram mais semelhantes às sexy atrizes de Garotas Selvagens.
Que os adolescentes de hoje estão mais precoces que os de ontem, isto é verdade. Que as crianças de hoje são mais informadas e têm as etapas de seu desenvolvimento aceleradas em relação a ontem, também é verdadeiro. E que o computador e sua infinidade de opções benignas e maléficas, os programas-lixo da televisão, as músicas que fazem apologia ao sexo, drogas e dinheiro fácil são grandes mecanismos de destruição do senso crítico das crianças, não se discute. Mas não é apenas a mídia a responsável por todas essas mudanças. Os pais, principais gestores do caráter e da personalidade dos seus filhos, não vêm fazendo o seu papel. Aí, o que acontece? As crianças, oriundas de famílias desestruturadas (não só pobres, porque rico também é negligente, acredite!), são jogadas nas escolas e todos os seus complexos e problemas de relacionamento passam a encontrar apenas no professor a esperança de que alguma coisa seja feita.
É fácil culpar as crianças quando elas não têm a complexidade cognitiva para entrar no debate de igual para igual. Eximir-se da culpa é muito mais cômodo, enquanto os pequenos (que nunca foram inocentes) apenas escutam o que os adultos falam, olham o que os adultos preparam a elas e acessam o que seus pais, vizinhos e os outros maiores de 18 promovem na grande rede. Que não temos mais adolescentes, nem crianças como antes, não temos. Assim como sempre se evoluiu com o passar dos anos. Mas se as crianças e adolescentes são mais precoces e vazias que antes, é por culpa dos adultos de hoje, que estão banalizando e coisificando relações, sentimentos e pessoas.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Encontro de escritores em Gobernador Virasoro - Argentina

"III Encuentro de Escritores del Mercosur y IV Encuentro Psiques", ocorrido na cidade argentina de Gobernador Virasoro, província de Corrientes.


Mural do encontro, onde foram realizadas as palestras


Brincadeira realizada em momento de integração com a pátria-irmã
Apresentação de alunos de escola de educação especial de Virasoro
 

Divulgando o Letras Santiaguenses aos hermanos
 
Comitiva que representou o Brasil no Encontro
Dia 29 é dia de "ñoqui" na Argentina
Uma Stella Artois depois do encontro cai bem, não é?


Protegido