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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Cartas de final de ano aos meus alunos - Final

continuação da publicação das cartas de final de ano (2015) aos meus alunos...

Queridas alunas e queridos alunos da turma 8º Ano B,

2015 está terminando, as aulas também. Em breve vocês poderão dormir até tarde, não terão mais provas para fazer, ficarão livres das chateações dos professores. Ufa!, livres de todos esses incômodos...
Mas com certeza um pouquinho de saudade vai bater na porta de vocês. Se não for agora, vai ser daqui umas semanas. Também, pudera, é quase um ano inteiro vendo os colegas todos os dias, espiando aquela menina bonita da outra turma, o garoto gatinho da outra sala, e agora... só no ano que vem!
Pessoalmente, é uma alegria muito grande em ser professor de vocês! Ano retrasado não pudemos terminar o ano letivo juntos, em sala de aula, pois assumi a direção da escola. Ficamos na mesma escola, mas é diferente ser professor e ser vice-diretor.
Esse ano, sim, iniciamos e terminamos juntos. Para mim, particularmente, foi muito bom, maravilhoso. Gosto muito de vocês, do jeito que vocês são: alguns brincalhões, outros mais sérios; alguns quietinhos, outros tagarelas; uns amigos, outros se estranhando. Altos, baixos, magros, gordos, risonhos, sérios.
Quando vejo vocês vejo um mundo de oportunidade lhes esperando. Olho e penso “que bom que teremos esses adultos no futuro!” São adolescentes que estão descobrindo os prazeres e as responsabilidades da vida, as alegrias e as tristezas que o mundo nos proporciona. Essas coisas, boas e ruins que a vida nos traz, queiramos ou não, nos deixam mais fortes agora e no futuro.
Vejo vocês com um lindo futuro pela frente, mas não deixem de lutar! Não deixem de estudar, não deixem de se esforçar! O estudo não é tudo na vida, mas sem estudo a vida se torna mais difícil!
Lutem! Não decepcionem vocês mesmos! Lutem pelo que querem! Nunca desistam! Digam a si mesmos “não vou desistir” quando estiverem desanimados, quando acharem que nada vale a pena.
Tenham um ótimo Natal! Ótimas festas de final de ano! Férias divertidas! Aproveitem esse período de descanso!
No ano que vem tem mais! E será melhor ainda!!!


Com carinho,
profº Giovani.

sábado, 2 de abril de 2016

Carta de final de ano a meus alunos III

Continuação das publicações das cartas de final de ano de 2015 aos meus alunos...

Queridas alunas e queridos alunos do 7º Ano,


ESTÁ TERMINANDO O ANO... Vocês vão ter alguns meses para descansar, divertir-se, passear, viajar, acordar tarde e ficar longe da escola. Eba! Chega de provas, de professores chateando, de cadernos, de copiar, de exercícios no quadro, de ler em voz alta, de acordar cedo, de troca de período. Eba! vocês estão livres de Soletrando, concurso literário, poemas, contos, porquês, verbos, acentos, hiatos, pronomes, etc.
Ah... mas, também, chega de recreios, de passeios nos corredores, de espiar o menino bonito na turma da frente, a garota bonita no pátio, de grupinhos de guris e gurias, de conversar com os colegas...
A escola é um lugar legal! Sempre tem alguma coisa nela que não gostamos, mas sempre haverá algo que não é bacana em tudo o que fazemos, em todos os lugares por onde vamos.
Terminamos o segundo ano juntos, quase todos os dias nos vendo, todas as semanas tendo aula. Se não fui legal com alguém algum dia, em algum momento, peço-lhes desculpa. Sou humano e também tenho limitações, também erro. Mas fiz o que achava certo naquele momento.
Não achem que ser exigente é ser ruim, não achem que fui exigente porque não acreditava no potencial de vocês. Pelo contrário: fui exigente porque sabia do que vocês eram capazes, porque sabia que podiam ir além. E foram!
Que trabalhos maravilhosos fizeram! Falaram na frente da turma várias vezes, escreveram poemas lindos, resumiram livros, soletraram uma enormidade de palavras, trabalharam em grupo, trabalharam em trio, dupla, sozinhos...
VOVCÊS ESTÃO A CADA DIA MAIS MADUROS, MAIS ADULTOS! Ano passado eram crianças, adolescentes recém vindos da infância. Agora são muito mais que isso. Cresceram, ficaram mais espertos, mais inteligentes, mais responsáveis, mais tudo...
É verdade que têm muito o que melhorar, muito a crescer, mas é preciso admitir que vocês estão mais independentes a cada momento.
Conviver com vocês foi muito bom para mim. Ensinei o que pude e aprendi muito com cada um. Aprendi muito com a experiência de cada um de vocês. Adorei ser seu professor em 2015, mais ainda que em 2014!
Desejo-lhes um ótimo Natal, ótimas festas de final de ano, umas férias preguiçosas, dorminhocas, divertidas e alegres!
ATÉ O ANO QUE VEM!
Com carinho.

sábado, 19 de março de 2016

Carta de final de ano a meus alunos II

Seguem as publicações das cartas de final de ano de 2015 aos meus alunos...

Queridas alunas e queridos alunos do 1º Ano,

O ano está se encerrando e quando olho para trás, percebo que muita coisa foi feita. Desde estudo de conteúdos que vocês acham que nunca mais verão ou utilizarão na vida (em alguns casos é verdade), até debates e reflexões sobre assuntos do quotidiano, que convivemos diariamente. Foram haicais, lançamento de livro, dissertações, poemas, leituras orais, provas, rachas-cuca e por aí segue...
Tivemos uma média de poucos alunos em sala de aula. Mas os poucos que vêm, ah, esses têm qualidade. Vocês são pessoas inteligentes, esforçadas, críticas e muito maduras pela idade. Alguns colegas trabalham e isso conta a favor dos estudos. Sim!, a favor, porque lhes deixa mais responsáveis, com maior sede por aprender, mais objetivos em aula, com maiores objetivos de vida, mais desejo de ser alguém na vida.
Vejo estudantes com brilho no olhar! Com pensamentos complexos, conflitos internos, desejos astronômicos! Isso é ótimo! Sigam assim! Perder o desejo de sonhar é morrer para a vida, deixar de querer algo mais é contentar-se com o pouco, e você são muito para quererem o pouco.
Por isso, não aceitem um “não”. Respeitem, mas não aceitem. Digam a si mesmos “sim”, “sim, eu vou” e lutem por esse sim, lutem pelo que vocês querem. Não se contentem com as aulas da escola, busquem mais, busquem nos livros, na internet, no Google, no Youtube, nas provas de concurso, nos grupos de debate, nos jornais, nas notícias.
Tem um mundo de oportunidades à espera de vocês agora mesmo! Digam a elas “sim”, busquem-nas, por mais difíceis que possam ser.
Por fim, gostaria de agradecer pelo convívio, pela troca de experiências, pelo respeito e carinho de cada um. Peço desculpas se fui grosseiro ou agi errado com alguém. Com certeza, não foi a minha intenção, mas erramos. Gostaria de dizer-lhes que amei trabalhar com vocês, que fico triste porque o ano termina e nossas aulas também, mas ao mesmo tempo fico alegre porque vejo vocês progredindo nos estudos.
Um ótimo final de ano, que 2016 venha com muita alegria, realizações e saúde!


Com carinho.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Carta de final de ano a meus alunos I

Ao final de 2015 escrevi algumas cartas aos meus alunos, aos de 12, 13, 14, ... 45, 46, 50 e por aí vai a idade deles...

Publico-as.


Queridas alunas e queridos alunos da Etapa 7,


Depois de um ano puxado, de muito estudo, de batalha, de esforço para conciliar casa-trabalho-escola, vêm as tão esperadas férias. Com ela, um tempinho a mais com a família, com os amigos, com vocês mesmo(as). E isso é muuuuuito bom!
Virá a saudade de rever todos os dias os(as) colegas queridos(as), bater papo com quem nos faz bem. Mas ano que vem tem de novo...
Um dia você deixou de estudar e se arrependeu. Viu que não foi a melhor escolha. Pode ser que deixou de estudar por força maior. Mas a vida se encarregou de dar uma segunda chance e você decidiu agarrá-la com força e aqui está! Que ótimo!
Fato é que, se você está aqui, agora, é porque deixou muita coisa para trás, deixou muita gente esperando em casa. Se veio para cá é porque está lutando por um futuro melhor.
Nesse semestre aprendi muita coisa com vocês. Aprendi a admirar cada um, a admirar o esforço e a persistência de virem em dias de chuva, quando as ruas estão intransitáveis; dias de frio, quando o corpo pede um pouco de calor e vocês enfrentam o frio de rachar para estudar. Admiro porque com todas as dificuldades por ficar anos fora da escola, não desistiram. Admiro porque o medo de falar em público, apesar de ser muito grande, foi superado. Admiro porque demonstraram serem muito críticos e apresentaram argumentos consistentes em defesa dos direitos da mulher. Admiro porque, mesmo com todas as dificuldades existentes, ainda assim vieram para a escola com um sorriso no rosto e o olhar atento para aprender.
Mas o ano está acabando e as aulas, junto dele. E todos merecemos um pouquinho de água fresca, pelo menos de vez em quando. Essa aguinha fresca se chama “férias” e vem num momento importante, quando estamos esgotados do estudo e do trabalho.
Que ótimo que você está aqui! Que ótimo que você continua aqui! E será ótimo se você continuar aqui! Será ótimo para mim, porque admiro muito a fibra que vocês têm em seguir estudando; e ótimo, principalmente, para você, que seguirá na luta por dias melhores.
Agradeço pelas aulas que tivemos e os momentos maravilhosos que o nosso convívio me proporcionou. Sempre vim feliz para a escola, pois me dá prazer trabalhar com vocês.
Peço que não desistam dos seus sonhos. Aqueles sonhos que escreveram no primeiro dia de aula. Porque se vocês desistirem, aqueles que dependem de vocês perdem as esperanças; aqueles que estão ao lado de vocês, se desanimam; e aqueles que lecionam a vocês vão perceber que não conseguiram ajudar-lhes a modificar a sua realidade.
Um ótimo final de ano, que 2016 venha com muita alegria, paz e saúde. Que sejam cada vez mais felizes com a família de vocês.

Com carinho.

domingo, 21 de dezembro de 2014

TALENTOS DA NOVA GERAÇÃO: VIVER A VIDA

Dando continuidade à publicação dos textos vencedores do 3º Concurso Literário Elvira Ceratti, ocorrido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Elvira Ceratti, de Uruguaiana – RS, publico os poemas das categorias 7º Ano (poema) e 8º Ano (poema):

Viver a vida (poema) – aluna Adriana da Costa Espírito Santo – 7º Ano

Viver a vida é...
Passar com a família
é estar em cada momento
com seus amigos.

Viver a vida é...
aproveitar cada instante
Porque na vida não há
retornos, somente recordações

Na vida temos que aproveitar
o minuto que é tão doce e profundo
que existe uma vez no mundo.

A primavera... cor e amor (poema) – Nathaly Quevedo dos Santos – 8º Ano

A primavera é a mais bela,
As árvores estão frondosas
as flores são mimosas
isso só acontece na primavera

As cores das flores
aparentam ter sabores
As cores das flores
querem mais amores

poder ver as flores abrindo,
As folhas caindo,
as cores surgindo
é um privilégio agindo

Acordar de manhã e escutar
os pássaros cantando
vê-los voando, no céu rodando

no chão dançando.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

AS ANÔNIMAS GLORINHAS

Por Rosane Roehrs Gelati, professora de Língua Portuguesa e Literatura

- Soooora!!!
- Sooora, Glorinha!
- Ã!!!
- Que bom que te encontrei! Que bom!
- Oi! Sim?
- Oi, tudo bem, sora?
Tentou se lembrar de quem era aquele rosto. Sem resultado. Apavorou-se: Meu Deus! Que é ele?
Nem tinha percebido que segurava algumas sacolas de mercado, pesadas e, próximo dela, atravessado no passeio em frente a sua casa, estava uma bicicleta abandonada por aquele homem que foi correndo ao seu encontro e a abraçara. Era um jovem de aproximadamente 30 anos, falando, gesticulando e sorrindo. Como continuar a conversa se não sabia quem estava a sua frente?
- A senhora está bem?
- Estou, sim. E você?
- Eu precisava te encontrar e não sabia onde a senhora estava.
Ela largou as sacolas enquanto ele continuava falando:
- O Pastor da minha igreja disse que seria muito importante eu dizer o quanto a senhora foi importante para mim.
- Eu? Importante para você?
- Sim, sora. Lembra quando eu era pequeno? Aprendi a ler e escrever com a senhora?
Ufa! Faz tanto tempo! Impossível lembrar-se da fisionomia!
- Ah, sim – respondeu, mesmo não sendo verdade, pois não podia decepcioná-lo.
- Lembra quando cantamos aquela música: Que nenhuma família comece e termine...
- Sim, lembro!
- Quando cantava, a senhora era a mulher mais linda do mundo! A senhora ria e cantava com a gente! Um dia eu disse pra senhora que a minha família não era bonita como a da música e a senhora respondeu que quando era criança a sua também não era e que quando cresceu, construiu uma família linda, que eu também poderia fazer isso!
- É, eu lembro! E um nó na garganta se formava.
- Daí, sora, fui pra casa e disse pro mano que um dia a gente teria uma família linda. E hoje eu tenho. Eu não queria ser bandido, eu não achava certo.
Risos! Lágrimas!
- Ah, professora, como eu gostava da senhora, com aquele seu casacão branco e quando eu lhe abraçava os colegas diziam: Sai de perto, ranhento, vai sujar o casaco pra profe e a senhora respondia que o casaco ficaria limpo com água e sabão, que era para eu lhe dar um abraço bem gostoso. E eu lhe abraçava. Ah, professora, não tem como esquecer!
Os olhos já estavam cheios de lágrimas. No baú das lembranças veio o nome do aluno e de seu irmão. Uma família com problemas econômicos, emocionais, estruturais e tantos outros que encontramos também hoje em nossas famílias e em nossas escolas.
- A senhora sempre segurava a minha mão. Eu era todo sujo, grudento e a senhora não se importava. Eu ficava tão feliz em poder segurar sua mão! Nossa!! Os outros tinham inveja.
- É, eu lembro!
- Lembra que a senhora ficava comendo merenda bem devagar só para que eu me servisse duas vezes? Eu sei que a senhora não estava com fome, mas daí eu podia ficar comendo e não tinha vergonha.
- Imagina, disse ela, eu tinha fome, sim!
As lágrimas lavavam o rosto de ambos a esta altura da conversa.
- O que você faz hoje?
- Trabalho naquela empresa ali, apontou. Sou adestrador de cães!
- Que bom, meu querido, que bom que você está bem e feliz!
E o papo continuou mais um tempo até as despedidas.

Será que é preciso uma demonstração maior sobre a importância dos professores na vida das crianças, jovens e adolescentes? A ação (ou omissão) do educador sobre as infinitas situações semelhantes que surgem em nossas escolas é determinante e saber como proceder em cada uma delas, fundamental, independentemente do salário e das condições de trabalho.
O dia do Professor está se aproximando e eu não poderia deixar de contar este fato, verídico, que aconteceu com uma professora amiga minha, em homenagem a tantos educadores que fazem a diferença na vida de muitas pessoas.
Parabéns a todas as anônimas Glorinhas.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

LOBATO, O ALGOZ DOS NEGROS

O replay de incompetências que acometeram os responsáveis pelo ENEM e uma denúncia descabida de um mestrando em Educação que deveria ter permanecido estudando ao invés de promover besteiras como a de que Caçadas de Pedrinho “não se coaduna com as políticas públicas para uma educação antirracista”, mantêm o ensino brasileiro em voga nas rodas de conversa. Acreditava que depois do fim das campanhas políticas e das promessas duvidosas com relação ao futuro da educação em nível nacional, livros, professores, escolas e alunos seriam esquecidos no fundo da gaveta dos pensamentos de políticos e da mídia. Não foi isso o que ocorreu, mas infelizmente os motivos não são os melhores.
A democracia permite posicionamentos toscos como este. Mas o debate é válido. Apesar de não ter encontrado nenhum literato que se alinhe às ideias simplistas do Sr. Antônio Gomes da Costa Neto, o denunciante ao CNE, nossa literatura nacional sairá vitoriosa após o enfrentamento de ideias que a desastrosa iniciativa gerou. Todos querem dar pitaco se Monteiro Lobato foi preconceituoso ou não, se ele deve ser visto a partir de agora como um escritor discriminador, se a sua produção literária deve receber um carimbo de “radioativo” na capa ou se deve passar pelo aceite do DOPS. No final dessa história, estaremos mais maduros com relação ao assunto. Espera-se.
Concordo de que haja preconceito em algumas passagens da obra de Lobato: “É uma guerra das boas. Não vai escapar ninguém – nem Tia Anastácia, que tem carne preta. As onças estão preparando as goelas para devorar todos os bípedes do sítio, exceto os de pena. […] Tia Anastácia trepou na árvore que nem macaca de carvão.” Assim como incita à caçada de animais silvestres. Não existia, à época da publicação da obra, uma lei que regulasse a caçada a animais. Da mesma forma, nos idos anos de 1924, quando foi publicada “A caçada da onça” que atualmente tem o título de “Caçadas de Pedrinho”, a escravidão ainda era viva na memória dos brasileiros e o negro recém começava a sua luta por um lugar ao sol dentro da sociedade.
Se havia preconceito racial em algumas passagens, em contrapartida, Lobato defendia os negros em outras. E assim como ele, muitos outros escritores, de renome mundial, também foram preconceituosos e nem por isso perderam o seu valor literário. Mark Twain, escritor norteamericano e criador de “Tom Sawyer” e “As aventuras de Huckleberry Finn”, também não era politicamente correto. E nem por isso suas obras saíram das bibliotecas e foram postas em praça pública para serem queimadas numa fogueira junto a bruxas. Há que se perceber e refletir sobre o preconceito nos seus escritos, mas não censurar.
Se o que é ético modifica de acordo com o passar dos anos com a evolução da sociedade e a alteração dos valores, da mesma forma o que é legal e ilegal, o correto e o errado também evoluem dialogicamente. Fato este que o Sr. Antônio Gomes da Costa Neto não levou em consideração. Nem ele, muito menos todos os conselheiros da Câmara de Educação Básica do CNE.
Ocorre que tudo o que é escrito e falado deve ser interpretado com senso crítico. As notícias em jornais, uma novidade contada pelo amigo, reportagens em revistas especializadas e os inflamados sermões de políticos, necessitam serem lidos e escutados com cautela e ponderação.
E o professor é formado para tal, de maneira que perceba essas visões distorcidas da realidade e, junto com a turma, reflita sobre a visão de mundo que o escritor tinha em dado período histórico e como a sociedade evoluiu de lá para cá.
Apenas censurar é um retrocesso. Saímos de um regime ditatorial e não queremos voltar. Mas não nos importamos em sermos ditadores da livre expressão de um escritor que expôs suas ideias quase cem anos atrás. Ou por acaso Monteiro Lobato deveria pensar um século à frente da sua sociedade e projetar em sua mente um mundo menos desigual, onde as Universidades destinam cotas a afro-descendentes, perpetuando o preconceito?
Lamento muito não estarmos discutindo melhorias para a educação básica, principalmente. Não debatermos os números modestos do desempenho dos nossos alunos, nem o salário dos professores, o sucateamento das escolas ou o obsoleto em que se tornaram as matérias escolares. Essa aparição desastrosa do Sr. Antônio Gomes parece-me mais uma necessidade de se tornar conhecido. Se foi isso, ele conseguiu. O seu lema “falem mal ou falem bem, mas falem de mim” foi uma estratégia chula, mas que infelizmente deu certo.

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