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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

ILUSÕES COLETIVAS - CONFLITOS ARMADOS


No Rio Grande do Sul é bastante comum, devido à proximidade com o país hermano, o chiste de que só valeria a pena combater numa guerra se fosse contra os argentinos. Coisas de rivalidade no futebol... na real, se houvesse uma guerra, dificilmente haveria vontade (ou coragem) em participar dela.
Se o país entrasse em Estado de Guerra e fosse iminente a vinda do conflito nas proximidades da minha residência, buscaria asilo para um país em paz: morrer lutando, enquanto os causadores riem de nós sentados em seus gabinetes?
O confronto entre Israel e o Hamas é uma prova disso: quase dois mil palestinos –a maioria de civis- e menos de 100 israelenses morreram. Os rebeldes do Hamas já deveriam ter jogado a toalha branca e partido para a negociação muito antes de a situação chegar a esse ponto. Porém, insistem em duelar com um adversário muito mais forte (amparado pelos EUA), vendo os seus morrerem... eles  não me parecem preocupados com o seu povo.
A humanidade tem vocação para confrontos bélicos. Desde a origem da civilização conhecida até hoje são inúmeros os exemplos em que se deixou a diplomacia de lado e a hastag do momento sempre foi #partiuguerra.
E o que motivava as pessoas a lutarem, sacrificarem a própria vida?
Um ideal para lutar.
As pessoas deixaram de acreditar que um confronto armado seja a melhor solução. E por quê? Porque há mais acesso à informação hoje em dia através da difusão da televisão, de jornais impressos e da internet; e em razão do aumento do nível de escolaridade. Começou-se a perceber que os ideais propostos pelos “líderes” e que culminavam em combates eram teorias muito bonitas no papel, na voz de pessoas preparadas, em imagens, entretanto, pouco praticáveis ou, pior ainda, boas para poucas pessoas e ruins para a maioria.
Hitler não perdeu a guerra sozinho. Havia muita gente o apoiando e Goebbels, seu braço direito, sabia que a propaganda era a alma do negócio. As palavras são maleáveis e os pontos de vista, vários. E o seu Ministro da Propaganda fez dos pensamentos sádicos de seu chefe militar, uma utopia aceitável para muita gente. Hoje, pensa-se diferente. Mas à época, ele recebia endosso de muito pobre e rico, analfabeto e letrado.
O Führer foi uma farsa. Uma farsa bem propagandeada. Ele vendeu um ideal, vendeu ilusões coletivas. E muitos engoliram.
Há outras ilusões coletivas propagandeadas em todos os lados: quem acredita que há armas de destruição em massa no Iraque, essa história para boi dormir dos Estados Unidos? Ou na seriedade do governo chinês que se diz Comunista para poder centralizar o poder, mas age como capitalista liberal, quando lhe convém? Quem põe fé nas palavras da família Castro, em Cuba, pelo ideal da igualdade, num país sucateado e pobre?
Então, por que tantos norte-americanos morreram no Iraque?
De graça é que não foi. Para muitas pessoas marginalizadas –principalmente hispânicos que não possuíam o visto para permanência- convocadas a combater no front, os polpudos dólares que receberam por defender os interesses da Casa Branca valiam a pena. Se não vivessem para curtir o dinheiro, pelo menos a família o teria para sobreviver.
Aí, sim, falamos de um ideal pelo qual vale a pena lutar, morrer: a família.
Se não fosse pela vida dos entes amados e o dinheiro que eles receberiam com a ida à área de conflito, certamente o contingente de militares no Iraque teria um grande déficit.
Não é diferente nas Forças Armadas. Lutar pela nação, com o sacrifício da própria vida há muito em canções de corrida. Experimenta cancelar o salário desses utópicos e convocá-los para missões em áreas de conflito! Experimenta pagar um salário mínimo!

Ideais coletivos servem para mobilizar multidões. Hitler sabia disso e se valeu dessa máxima. Os políticos bem utilizam a mídia para elegerem-se e aprovarem leis. A águia da América ilude coletivamente seus cidadãos levantando a bandeira do amor à pátria e massacrando nações que barram o seu avanço. Mas somos críticos, informados e cai bem não acreditar em todas essas ilusões vendidas e difundidas na televisão.

domingo, 22 de junho de 2014

ILUSÕES COLETIVAS

Há anos que deixei de acreditar em muitos ideais coletivos. Antes me pareciam bonitos, empolgantes e os desejava alcançar. Mas essas utopias descortinaram-se como boas desculpas para as pessoas venderem mais, distrair multidões ou justificar chacinas.

Após anos de trabalho no Exército Brasileiro
O que ouvi: defender a pátria com o sacrifício da própria vida.
O que penso: desde que o salário gordo esteja na conta.

Os salários astronômicos dos jogadores de futebol contrastam com a falta de incentivo ao esporte do Brasil
O que ouço: rumo ao hexa.
O que penso: isso não vai mudar em um centavo o meu salário, nem nada na minha vida, tampouco na vida daqueles que poderiam ter o esporte como perspectiva de crescimento profissional.

A preocupação com o meio ambiente tem crescido nos últimos anos e alguns discursos mal-intencionados parecem buscar a sustentabilidade, mas a intenção é outra
O que ouço: se cada um economizar um pouco de água vai ajudar o meio ambiente.
O que penso: essa economia não é relevante enquanto imperar a obsolescência programada e grandes empresas poluírem desrespeitando leis e recebendo multas irrisórias.

Existe a América do Sul, a América Central e a América do Norte. Todos que nela moram são americanos. Nenhum dos povos pode considerar-se unicamente como americano
O que ouço: os americanos.
O que penso: eu sou americano (ou sul-americano, ora bolas). Também existem os norte-americanos.

A falsa luta contra homens-bomba esconde a intenção gananciosa de roubar petróleo do Oriente Médio e manter aquecida a indústria bélica norte-americana
O que ouço: guerra ao terror.
O que penso: desculpa norte-americana para subjugar outra nação e roubar o seu dinheiro.

Há muito pseudo-moralismo e agora é modinha reclamar da política. Passar a perna, superfaturar pequenas obras também é corrupção. A esses, falta apenas se elegerem.
O que ouço: políticos corruptos.
O que penso: políticos corruptos e povo corrupto.

Ideais coletivos não atendem fidedignamente ao que pensa a coletividade, pois cada um interpreta o seu mundo e cria as suas verdades. Há uma generalização do que se pensa, superficializando os conceitos, relativizando tudo, são ilusórios.
Essas utopias romantizam o que nem é tão belo, valem-se de apelações baratas e atendem a interesses capitalistas que geralmente são escusos. Por todos esses argumentos, não acredito mais nelas. Elas não me enganam mais.

domingo, 25 de setembro de 2011

UFANISMOS E BAIRRISMOS

Publicado no Jornal da Cidade Online em 25 Set 2011

BAIRRISMO. É UMA PALAVRA QUE TODO GAÚCHO SABE QUE LHE PERTENCE, MAS FAZ DE CONTA QUE DESCONHECE. Ilustra isso o fato de os moradores da Província de São Pedro creem que o mundo é um amontoado de terras em torno do Rio Grande. Comprovam a tese sites, piadas, músicas e muitas outras mentiras que contam os feitos heroicos dos antepassados dos pampas. Em contrapartida, um gaúcho mais desavisado poderia dizer “ah, mas somos os únicos que cantam o hino sul-rio-grandense, que amam de verdade essa terra. Somos os únicos que conservam as tradições, cevando mate, gineteando, usando bombacha, falando abagualado em gírias que precisa nascer aqui para conhecer, troteando a cavalo e levantando cedo para cuidar do gado”.


Tudo ufanismo. Porque gaúchos tradicionalistas, de bota e bombacha, de acordo com o que manda o figurino, são poucos. O resto, no máximo, é o que se denomina “gauchão de apartamento”, que se descobre taura somente perto do 20 de setembro. Ufanismo porque quem ama a própria terra e ama os seus iguais, não rouba, não engana, não tira vantagem. E de gente assim o extremo-sul brasileiro está lotado. E quanto ao chimarrão, o apreço por ele não se resume ao nosso estado, porque basta atravessar o Uruguai que nossos vizinhos hermanos também gostam do amargo.


Da mesma forma, foi ufanista a comemoração do dia 11 de setembro. Muito antes que um lamento, as reportagens veiculadas na mídia pareciam lembrar um festejo. Ufanismo, sim, porque os Estados Unidos pareceram ser vítimas indefesas numa semana que se falou sobre os dez anos da tragédia do World Trade Center e se deixou de refletir sobre a independência do Brasil no dia 7 e a Revolução Farroupilha no dia 20.


É bairrismo haver uma única pauta: as Torres Gêmeas. Um colunista disse que estava lá no dia e que, devido ao imediatismo dos meios de comunicação, a única diferença existente entre assistir pela televisão e presenciar era o olfato. Um cheiro de pó insuportável. Outra colunista relatou que já tinha um texto pronto, mas que ao assistir à tragédia, fez um novinho para o periódico, falando na nossa vulnerabilidade. Sim, a dita vulnerabilidade.


Sim, foi muito triste a queda dos prédios, as pessoas mortas, o tempão que demoraram a encontrar muitos corpos e o desespero dos familiares sem saber se o filho, a filha ou o pai comporia o nome na lista de falecidos. Mas falar sobre esses fatos apresentando os Estados Unidos como a vítima que nunca fez nada a ninguém é uma demonstração de total falta de senso crítico. Falta de senso crítico e muito bairrismo.


Pensar que o Rio Grande do Sul é o melhor estado do Brasil também é ser bairrista demais. Ele é apenas diferente. Acreditar que o Brasil é uma terra de gente boa e feliz é ter amnésia do que se assiste, ouve e lê nos noticiários diariamente. Há muita imoralidade, falta de caráter e nem precisamos virar a esquina para presenciar. Achar que os terroristas não usam gravatas e são apenas aqueles que põem bomba no corpo é afrontar a capacidade humana de pensar.


Quando valorizamos o que é nosso não quer dizer que desprezamos o resto. Se o fazemos é porque gostamos. E isso é sadio. Mas o amor em excesso chama-se obsessão e de amor louco, muita gente já morreu. Morreu cego. Cego de amor e vazio de razão. Por isso que o bairrismo, quando deixa de ser uma piada e passa a ser uma ideia cega é tão perigoso quanto amar desesperadamente: esquecemos as outras versões da história e acreditamos que esse nosso mundinho é o único correto. E, possivelmente, não é.

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