Há anos que deixei de acreditar em muitos ideais coletivos.
Antes me pareciam bonitos, empolgantes e os desejava alcançar. Mas essas
utopias descortinaram-se como boas desculpas para as pessoas venderem mais, distrair
multidões ou justificar chacinas.
Após anos de
trabalho no Exército Brasileiro
O que ouvi: defender a pátria com o sacrifício da própria vida.
O que penso: desde que o salário gordo esteja na conta.
Os salários
astronômicos dos jogadores de futebol contrastam com a falta de incentivo ao
esporte do Brasil
O que ouço: rumo ao hexa.
O que penso: isso não vai mudar em um centavo o meu salário, nem
nada na minha vida, tampouco na vida daqueles que poderiam ter o esporte como perspectiva
de crescimento profissional.
A preocupação com o
meio ambiente tem crescido nos últimos anos e alguns discursos
mal-intencionados parecem buscar a sustentabilidade, mas a intenção é outra
O que ouço: se cada um economizar um pouco de água vai ajudar o
meio ambiente.
O que penso: essa economia não é relevante enquanto imperar a
obsolescência programada e grandes empresas poluírem desrespeitando leis e
recebendo multas irrisórias.
Existe a América do
Sul, a América Central e a América do Norte. Todos que nela moram são
americanos. Nenhum dos povos pode considerar-se unicamente como americano
O que ouço: os americanos.
O que penso: eu sou americano (ou sul-americano, ora bolas). Também
existem os norte-americanos.
A falsa luta contra
homens-bomba esconde a intenção gananciosa de roubar petróleo do Oriente Médio
e manter aquecida a indústria bélica norte-americana
O que ouço: guerra ao terror.
O que penso: desculpa norte-americana para subjugar outra nação
e roubar o seu dinheiro.
Há muito
pseudo-moralismo e agora é modinha reclamar da política. Passar a perna, superfaturar
pequenas obras também é corrupção. A esses, falta apenas se elegerem.
O que ouço: políticos corruptos.
O que penso: políticos corruptos e povo corrupto.
Ideais coletivos não atendem fidedignamente ao que pensa a
coletividade, pois cada um interpreta o seu mundo e cria as suas verdades. Há
uma generalização do que se pensa, superficializando os conceitos,
relativizando tudo, são ilusórios.
Essas utopias romantizam o que nem é tão belo,
valem-se de apelações baratas e atendem a interesses capitalistas que
geralmente são escusos. Por todos esses argumentos, não acredito mais nelas. Elas
não me enganam mais.