segunda-feira, 4 de abril de 2011


minha namorada me disse ontem que esses nossos 3 meses de namoro foram os 3 melhores meses da vida dela.
e da minha também.
tem declaração mais linda que essa?
tem coisa mais maravilhosa que ouvir isso?
nao, definitivamente, nao

te amo bruuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

domingo, 3 de abril de 2011

Tradutor de porta de fórum

Publicado no Jornal da Cidade Online, em 03 de abril de 2011.

Participei, em janeiro deste ano, de um fórum de literatura na cidade de Santiago - RS, organizado pela Casa do Poeta de Santiago. Era época de férias, descanso pra todo mundo, um ótimo momento para os adoradores das letras, de poesias, contos, crônicas, declamações e quaisquer assuntos afim, encontrar outras pessoas convictas dessa paixão e trocar experiências. Mas eis que da minha cidade somente estava eu. Convidei todos os colegas que pude, mas o insucesso foi total. Não vai dar, vou estar viajando, gastei muito dinheiro com festa e não vai sobrar pra ir. Está explicado. É gasto com hotel, alimentação lá e três dias gastos (não investidos). Bem melhor ficar em casa tomando a cervejinha, assistindo à tv e dormindo até às 10h.
Fiquei no segundo dia junto com o pessoal da recepção. Fui barrado na entrada por uma ex-colega de faculdade que recepcionava o público. O papo ficou tão bom que acabei deixando para assistir às palestras para o próximo turno. Por se tratar de um fórum onde palestravam brasileiros e argentinos, havia intérpretes que faziam a ponte comunicativa entre os dois idiomas. Lá na recepção, assumi, sem querer, o mesmo papel.
Essa minha colega é excepcional no inglês, mas uma negação no espanhol. Com todo o respeito, é claro. E como eu estava ao seu lado, aproveitei e pus na prática os meus conhecimentos aprendidos na faculdade, da língua hermana. E foi uma ótima experiência que tive naqueles dias. Porque não há nada melhor para exercitar o seu conhecimento numa língua que falando com um nativo.
Não bastasse haver ganho o dia por ter falado com nossos amigos argentinos e ter conseguido expressar-me eficientemente, outro fato veio a valorizar ainda mais a ida solitária ao fórum.
Após sofridos dez minutos de luta contra a tampa do radiador do carro, consegui abri-la na manhã do último dia. Havia uma plateia particular, saboreando meu sufoco. Um senhor de certa idade, pois não era, exatamente, um idoso, porque isso vai mais da mente da pessoa do que o biológico. Era o senhor Joaquim Moncks, meu vizinho de quarto do hotel, que eu havia no dia anterior ajudado a pôr para funcionar seu gravador de áudio. Ele é o Coordenador Executivo da Casa do Poeta Brasileiro (POEBRAS Nacional), a entidade que lidera as várias Casas do Poeta, Brasil afora.
Conquistado o objetivo de abrir a detestável tampa, completei o nível de água que precisava, tampei novamente, fechei o capô do carro e preparei-me para ir ao fórum. Você me dá uma carona? Mas é claro! E o senhor Moncks foi comigo até o evento. No pouco tempo juntos, conversamos sobre produção literária e ao estacionar o carro ele pegou a sua sacolinha e começou a entregar-me alguns livros. São para você. Agradeci e perguntei-lhe quanto custavam, pois eram seis livros. Geralmente os regalos constituem-se de um, no máximo dois exemplares. Não custa nada.
Acho que nessa hora minha boca sorriu de canto a canto do rosto. Não bastasse o interesse daquele senhor, o presente era mais que bem-vindo, devido à qualidade dos textos e da importância de cada um.
Recebi, é claro, uma dedicatória. Foi o segundo presente em pouco mais que dois dias. A charla com os amigos argentinos e os livros do senhor Moncks. Quem sabe se algum colega meu fosse ao fórum, também tivesse essa mesma impressão positiva da atividade literária. Só indo para saber. Eu fui.

domingo, 27 de março de 2011

QUANDO HÁ VONTADE POLÍTICA

Publicado no Jornal da Cidade Online, em 27 de março de 2011.


Há uma grande diferença entre dizermos “quando vontade” e “quando vontade”. Se vontade, é porque interesses estão em jogo: seja particular, de uma sociedade ou de uma nação. Se vontade, geralmente é resultado de estarmos sendo pressionados para realizar determinada coisa: em política falamos de pressão da opinião pública.
E os nossos governantes trabalham assim. Quando vontade política, pode saber: alguma estão aprontando, é dinheiro ou vantagem que estão pondo no bolso. Quando vontade é porque a mídia e ONGs estão pressionando e a vontade popular clama por mudança.
Difícil não concordar: reclamamos da burocracia que retarda obras, não deixa chegar recursos que seriam muito importantes para pessoas carentes. Mas, quando vontade política, os governos demonstram enorme capacidade de mobilização e agilidade na tramitação de leis. Que o diga Julian Assange, fundador do WikiLeaks. Feriu os interesses dos Estados Unidos e de países europeus e rapidamente foi tirado de cena, sendo preso sob uma acusação que nunca teria que responder se não falasse demais - a verdade.
Um dos problemas que muitos governos enfrentam é o não-planejamento da utilização de recursos. Então, a demora no repasse das verbas e a burocracia fazem jorrar pela torneira afora muito dinheiro que poderia ser bem empregado em áreas necessitadas. Contudo, quando vontade política, não falta planejamento. Cria-se a estratégia -que todos conhecemos e que sempre surte efeito- de esperar a Copa do Mundo ou as Olimpíadas para votar mais um aumento. E aprová-lo, como ocorreu no ano passado.
Reclama-se do salário de muitas categorias historicamente postas em segundo plano no cenário orçamentário: segurança, saúde e educação. Porém, quando vontade política, a Câmara dos Deputados vota em regime de urgência e consegue a aprovação da maioria como em um passe de mágica. Prova disso foi o reajuste ocorrido no ano final do passado que transformou os vencimentos do presidente da República, do vice, dos ministros de Estado, deputados federais e senadores em absurdos 26,7 mil reais.
Quando vontade política, o Governo encontra o déficit zero, merchandising de campanha. Foi assim com a Yeda Crusius, ex-governadora do Rio Grande do Sul. Era candidata à reeleição ao governo gaúcho nas últimas eleições. Somou os depósitos judiciais e encerrou os seus cálculos assim: pagamos todas as contas, com déficit zero. Perdeu a eleição e novo governo que assumiu mudou o termo de “déficit zero” para “rombo nas contas públicas”.
A oposição agride ferozmente a situação quando vontade política, exigindo um salário mais digno aos professores. Mas, ao assumir o Governo, o buraco mostra-se mais embaixo: não dá para realizar o sonho pregado outrora. Em contrapartida, se os professores fazem greve, prejudicam o andamento do ano letivo e a sociedade pressiona, começa a dar vontade política: o governo trata de propor algumas migalhas de reajuste salarial.
É o que está ocorrendo com o Governo Tarso Genro, no Rio Grande do Sul. Propôs um aumento de R$ 38,00 ao magistério, correspondente a 10,91% de aumento. Uma proposta anterior de 8,5% já havia sido recusada pelo CPERGS (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul). É dessa maneira que o Estado pretende valorizar a classe?
O novo Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020) foi aprovado pelo Governo Federal e reza em sua cartilha que 7% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deverá ser aplicado na educação. Para termos uma ideia de como estamos longe desse objetivo, em 2000, 3,9% do PIB era aplicado em educação e em 2008, o percentual variou para míseros 4,7%. O Governo demonstrou, até o momento, que não vontade política em priorizar o magistério.
Se não vontade política em valorizar a classe dos professores, então que isso ocorra quando vontade política, através da pressão da sociedade. Porque muito mais alto que os 7% almejados para a educação, é o preço que pagamos pelo sucateamento de escolas e pela desvalorização dos professores.

domingo, 20 de março de 2011

A escola é igual ao BBB?

Publicado no Jornal da Cidade Online, em 20 de março de 2011.

Escola é igual a BBB. Tem o líder -professor- que nos manda para o paredão -provas-, mas somos salvos pelo anjo -nerd. É o título de uma comunidade do Orkut, uma associação feita muito inteligente. Só dessa comunidade, são mais de 190 mil membros. Não é a opinião de todos, mas vemos o retrato do pensamento de grande parcela da população que sente na escola, uma chata obrigação diária.
Temos heróis no BBB, como reza a metáfora do Bial. Heróis que são projetados para a fama momentânea sem esforço algum. Já os heróis da vida aqui fora, recebem o título por conseguirem cursar as 11 séries da educação básica. Estamos a caminho dos 12 anos de luta heroica. Felizes e heróis, sim, são aqueles que tiveram a oportunidade de estudar e não precisaram abandonar os estudos para trabalhar ou porque engravidaram.
Corrigindo a equivocada hipérbole do Pedro Bial, heróis são os jovens integrantes do BBB escolar que trabalham à noite e estudam de dia, ou vice-versa. Heróis são as mães de primeira viagem que conseguem deixar seu primogênito com a vó por um turno e não desistem de estudar. Heróis são aqueles que foram pouquíssimo estimulados na infância e quando o número de professores e de matérias aumentou, não desistiram e enfrentaram com bravura as suas dificuldades de aprendizagem. Gladiadores são os jovens que lutam contra alguma doença e, mesmo assim, persistem frequentando os bancos escolares. Heróis são os jovens que repetem o ano e assim como a fênix, renascem das cinzas e são aprovados no ano seguinte.
Trabalhar e não conseguir conciliar com os estudos, a gravidez, a falta de interesse do aluno ou enfrentar um problema familiar são as três maiores razões que levam o estudante mineiro a abandonar a escola. A pesquisa “Determinantes do abandono do Ensino Médio pelos jovens do estado de Minas Gerais”, promovida pelo Instituto Unibanco e que vem como encarte da edição de março da Revista Nova Escola, faz um levantamento dos motivos da evasão escolar e propõe mudanças.
A pesquisa diz respeito ao estado mineiro, mas pode ser estendida a todo o país. Apesar das peculiaridades de cada estado, da renda per capita ser diferente nas diversas regiões brasileiras, o ensino público e privado também, podemos utilizá-la como referencial.
Vamos dissecar os dados atinentes às razões do abandono dos estudos. 56,6% apontou a impossibilidade de conciliar a escola com o trabalho; 11,6% disse que não tinha interesse em estudar; a gravidez foi apontada como motivo por 6,5% dos jovens; e 3,3% enfrentaram problemas familiares que impossibilitaram a frequência na escola.
Dentre os problemas, ressalto os dois mais significativos. O drama da relação trabalho X estudo, que é uma realidade em nosso país, e a falta de interesse dos jovens. Temos milhões de miseráveis, sem esperança alguma de mudança. Milhões vivendo na pobreza absoluta. Muita gente precisando fazer bico até altas horas para conseguir alimentar-se. Desse modo, onde fabricar tempo para estudar?
Já quando falamos na falta de interesse do aluno, podemos perguntarmo-nos: o que o docente e a instituição estão fazendo para que o aluno perceba a importância de estudar? Com o cinto mais que apertado em casa, a escola torna-se um rito de passagem que não demonstra boas perspectivas.
Vou acabar o ensino médio e depois, o que vem? O que todos esses anos de estudo valerão para mim? A Escola, no sentido amplo da palavra, necessita disponibilizar mais cursos técnicos que insiram o jovem no mercado de trabalho. O ENEM firmou-se como grande ferramenta de ingresso nas instituições de ensino superior. Mas tem muito jovem sem saber disso. O professor não está fazendo o seu papel bem, de orientar. Nem a família, porque deveria preocupar-se prioritariamente com o futuro de seus descendentes. Nem o jovem, que negligencia o próprio futuro.
No Big Brother Brasil, os pseudo-heróis enfrentam o drama de não ganhar o milhão de reais que nunca tiveram. Já os heróis do BBB do Mundo Real, enfrentam o drama de perderem uma passagem para um futuro melhor. A seleção dos candidatos do BBB do Mundo Real é gratuita, basta matricular-se no ensino regular ou na Educação de Jovens e Adultos. Mas ganhar o prêmio final é muito mais difícil, por vezes impossível, para uma enorme parcela da população.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A AUTOAJUDA NOSSA DE CADA DIA

Publicado no Jornal da Cidade Online, de 13 de março de 2011.

Estive, há alguns dias, no lançamento do livro de crônicas “Umas e outras” do psiquiatra Rônei Rocha, daqui da minha cidade. Houve grande quantidade de pessoas prestigiando o evento, esperando na fila uma dedicatória do médico-escritor. Assim como ele, outro médico gaúcho teve o seu trabalho reconhecido: Moacyr Scliar. Infelizmente, este último faleceu em 26 de fevereiro passado. Como conseguiram tamanha projeção?
O psiquiatra que conheço começou a escrever num jornal local há menos de um ano. Ascendeu vertiginosamente. A chave do sucesso? A importância que damos aos assuntos que abordam o nosso interior, o íntimo. Daqueles assuntos que temos medo de falar e que alguém vai lá e escreve, livrando-nos do peso da culpa de não termos nos expressado.
Essa relevância da busca de um eu mais clean, livre e feliz reflete-se na busca pelos livros de autoajuda. Eles costumam ser os recordistas de vendas em feiras de livro. Têm lugar cativo em livrarias. Sites como Americanas, Submarino e da editora Saraiva e tantos outros deixam bem visível o título “autoajuda” para que os internautas encontrem sem dificuldade os seus tão desejosos gurus impressos.
Disse um amigo meu, já no final da festividade, um tanto emocionado e alcoolizado: “Aqui tá cheio, mas se viessem todos os clientes dele, isso aqui estaria entupido de gente. Só tem louco nessa cidade”. Preconceitos à parte, desconsideremos o termo “louco”. Problemas de ordem emocional, psíquica e que não conseguimos resolver sozinhos ocorrem aos montes. Vez ou outra cai bem consultar, pedir uma ajudinha de terceiros. Como o próprio Rônei disse em uma de suas crônicas, nos manicômios estão apenas alguns loucos, o grosso da tropa permanece nas ruas.
Muitos livros de autoajuda estampam fórmulas mágicas para resolvermos os nossos “poréns”. Alguns se valem da psicologia para falar o óbvio, e esse óbvio é o que geralmente necessitamos ouvir - ou ler. Através de metáforas simples, criando enredos fantásticos, por vezes, ou sendo diretos, os autores atingem-nos e fazem pensar, refletir. Essa pausa que fazemos para ler, aliado a palavras de conforto ou motivação, elevam a autoestima e despertam as vontades que hibernavam lá no fundo, no âmago de cada um.
Anos atrás, li os primeiros capítulos do livro “Seja feliz sem querer controlar tudo”, do Joe Caruso. O livro falava o que estava na cara: mesmo que tentemos controlar tudo a nossa volta, não conseguimos e nem conseguiremos. Se achamos que dominamos a situação, estamos redondamente enganados. Podemos controlar a nossa reação diante dos fatos, mas pouco podemos interferir nos fatos. Não adianta ficar remoendo capítulos desgostosos da nossa vida, nem reclamar de um fato já ocorrido.
Nada do que li era espetacularmente novo, mas era apresentado sob uma ótica diferente da que eu estava acostumado a observar. Que não adianta “chorar o leite derramado” eu já escuto desde criança. Mas inserir, efetivamente, este ditado e tantos outros na prática, na vida, são outros 500.
Da mesma forma que eu necessitava aquela vez ler o óbvio e descobrir algo novo no velho, tantas outras pessoas precisam ler “Quem mexeu no meu queijo”, “O monge e o executivo” e “Os segredos da mente milionária” para descobrir o elixir satisfação eterna. Quando o assunto fica mais grave, a opção é recorrer a psicólogos e psiquiatras. Só com a ajuda de pessoal especializado conseguiremos “descascar alguns abacaxis maiores”.
Com temática semelhante à do cronista uruguaianense, Moacyr Scliar escrevia para o Grupo RBS, afiliado à Globo, e tinha, dentre os seus espaços na mídia, uma coluna semanal no Jornal Zero Hora. Fizera medicina na UFRGS em 1962 -Universidade Federal do Rio Grande do Sul- e faleceu com 73 anos. Sempre abordava algum fato do cotidiano, tendo a medicina como fator de relação entre os assuntos.
Procuramos sempre palavras que nos confortem. Por vezes, um caderninho com frases para iniciar o dia lendo, refletindo e se motivando. Em outras, um livro devorado em horas, servindo como bálsamo. Mas nada melhor do que trocar meia dúzia de palavras com um amigo. E se nada disso resolver, resta procurar um especialista no assunto, que terá mais meios para orientar o caminho a ser percorrido.
Os livros são muito importantes na nossa formação permanente. Mas são apenas uma representação gráfica daquilo que pode ser dito com mais recursos -timbre de voz, emoção, gesticulação e entonação. Porque não crescemos sozinhos. Precisamos do outro para conversar, refletir, pensar, se emocionar, amar e ser amado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Tá com pressa? Sai mais cedo

Publicado no Jornal da Cidade Online, em 08 de março de 2011.

Um motorista para atrás de uma manifestação de ciclistas, acelera com o seu carro, atropela muitas pessoas e foge do local. Depois, diz à televisão que estava sendo ameaçado pelos ciclistas e que se sentia acuado, não tendo outra alternativa que não avançar contra a multidão. Justificando a sua fuga, argumentou que se ficasse no local, seria linchado. O fato ocorreu em Porto Alegre, no dia 25 de fevereiro, o carro era um Golf e o motorista que tentou assassinar os ciclistas chama-se Ricado José Neis.
A sua arrogância em tentar inverter as culpas e fazer dos ciclistas os vilões da história faz pensar que as pessoas, ainda, acreditam que desculpas de pré-escolares podem ser aceitas sem revolta. Não tem como engolir. A mentira é descabida e os vídeos gravados em celulares ilustram todo o desespero em que o Sr. Neis transformou aquele protesto.
Não é de hoje que é perigoso trafegar em vias próximas a Ricardo Neis. Ele já havia cometido outras infrações graves de trânsito. De acordo com o Jornal da Band de 1º de março, o Sr. Neis já fora flagrado andando na contramão e dirigindo com excesso de velocidade.
A Disney antecipou a história do Sr. Neis, chamando-o de Sr. Willer. No enredo, o motorista era um pacato cidadão chamado Sr. Walker que se transformava no temível motorista-assassino, Sr. Willer.
Desculpas desprovidas de qualquer coerência como a do Sr. Neis são encontradas de forma barata em nossa sociedade. Deputados e senadores argumentando que não recebem reajuste há anos e transformarem seus vencimentos em gordos 26 mil é tão surreal quanto as desculpas do motorista gaúcho.
A impunidade que esperamos não bater à porta de Ricardo Neis assombra-nos, atemoriza, pois é comum num país empanturrado de leis que não são cumpridas. Não vamos muito longe. No último novembro, no mesmo bairro de Porto Alegre, o Cidade-Baixa, uma juíza aposentada “furou” uma blitz e acidentou-se com outros sete veículos. E a pergunta que não quer calar: Vossa Excelência foi presa? De modo algum. Deu uma passeada na delegacia de polícia, recebeu sua CNH de volta sob a condição de comportar-se (lindo conselho!) e foi embora dormir, sossegada. Deveria ter sido presa, mas se negou a fazer o teste do bafômetro, e, mesmo andando cambaleante, o laudo médico da perícia conseguiu ser inconclusivo.
Não nos assustemos com o Sr. Neis. Muitos outros motoristas perigosos estão à solta nas ruas. Alguns já foram presos, outros multados, outros subornaram e alguns ainda não foram flagrados. Não é de hoje que ouvimos histórias de amigos que relatam que tiveram uma discussão “feia” no trânsito, ou que sabe de uma briga por vaga em estacionamento, ultrapassagem perigosa ou um bate-boca no semáforo.
Estamos inseridos numa cultura consumista, reprodutora dos prazeres e desejos norte-americanos. Lá no Hemisfério Norte, a palavra de ordem é comprar. Os carros necessitam ser grandes e potentes. Precisam ter um forte ronco do motor. Moto não é moto se for de baixa cilindrada. Velozes e Furiosos (The Fast and the Furious) é sucesso lá e aqui. E é feio o motorista que dirige usando o cinto. Ou o motorista que não rebaixa o carro, não põe uma roda esportiva e que anda devagar.
Ao Sr. Ricado Neis, que parecia tão apressado no boliche humano e insensível por não parar, mesmo depois do atropelamento em massa, relembro uma frase de parachoque de caminhão que gosto muito: tá com pressa? Sai mais cedo!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

DO TEMPO DO MIMEÓGRAFO

Você lembra daquela maquininha que de uma matriz com papel carbono faz surgir muitas cópias a medida que uma manivela é girada? Pois encontrei um exemplar desses, o mimeógrafo, no Museu das Comunicações de uma universidade que visitei. Estavam expostos diversos objetos utilizados no Século XX. Eram rádios gigantescos e nos mais diferentes formatos, televisores de imagem preto e branco, discos LP, os primeiros aparelhos de fax e de telefone que surgiram no mercado, máquinas de escrever e o dito mimeógrafo.
Ele é um artefato do passado, mas, infelizmente, também do presente. Não deveria mais ter lugar nas salas de aula, contudo, continua sobrevivendo como ferramenta em muitas escolas brasileiras. Tão triste quanto isto é constatar, também, que além de não nos desprendermos de objetos do passado, ignoramos as novas tecnologias. O computador, projetores de imagem, aparelhos de DVD e de som são mídias mais atualizadas, mas continuam sendo monstros para grande parte dos docentes. Assim como é retrógrado o uso do quadro-negro para transmitir toda a matéria à turma.
Não apenas em turmas de ensino fundamental e médio deparamo-nos com quadros cheios de conteúdo rabiscado. Não raro o mesmo ocorre nas salas de aula de ensino superior, seja nos cursos de formação de professores ou em outros. E esses mesmos professores ainda querem que seus alunos sejam dinâmicos em sala de aula, que utilizem toda a tecnologia disponível para facilitar a aprendizagem dos discentes. É muita hipocrisia. Ou falta de sensibilidade para não perceber a incoerência do discurso com a prática.
A lousa deve ser utilizada como um meio auxiliar, onde o docente aponta alguma observação que vá surgindo durante a aula. Se existem folhas e a máquina copiadora já foi inventada, por que não usar? Desse modo, ao invés de perder tempo transcrevendo as regras gramaticais para o caderno, o aluno poderá ler com a turma a matéria, realizar exercícios, fixar o conteúdo e unir o que assimilou com todo o conteúdo da disciplina.
A mera cópia para o caderno dos vocábulos escritos na lousa não ensina nada. Aí, abre-se margem para que surjam piadinhas nem tão distorcidas da realidade como a que diz que o professor faz de conta que ensina e o aluno faz de conta que aprende.
Que atrativos terá uma aula com apenas caderno, caneta e um professor sentado falando, se o aluno chega em casa ou vai numa cyber, acessa o Orkut, conversa com outras pessoas pela rede, atende ao telefone, fotografa algo que acha interessante, filma alguém, envia um torpedo e escuta uma música do mp3 pelo fone de ouvido? Há muito mais dinâmica nas interações extra-escolares que dentro da sala de aula. Se o que ele faz na escola tiver relação com o que vive fora dela, a aula será atrativa.
Lógico, a teoria anda muito bem quando dissociada da prática. Pois pôr todo esse palavreado dentro da aula é uma tarefa árdua e que exige grande esforço do professor. Ele necessita estar atualizado com a evolução digital, com os fatos cotidianos e não pode esquecer de entrelaçar a essas mídias, as matérias inerentes à série.
Conforme reportagem da revista Nova Escola de janeiro/fevereiro de 2011, existem 67,5 milhões de pessoas com acesso à internet, incluído o uso em lan house e no trabalho. São 34,9% dos brasileiros. Temos computadores desktop (de mesa), notebooks, netbooks e tablets a nossa disposição. É uma infinidade de aparelhos que nos conectam à internet e com inúmeras funções. É uma realidade que não podemos ignorar. Mais que isso, devemos incluir no estudo. Utilizar a nosso favor as redes sociais como Orkut, Facebook, Badoo e os blogs e sites especializados em disciplinas curriculares.
Os computadores estão cada vez mais baratos e acessíveis. Urgem como necessários em sala de aula na construção do conhecimento do aluno. Aulas iguais às que nossos pais tiveram na infância e adolescência não são mais bem-vindas. Porque não há nada de atraente nelas. Enquanto o professor ficar escrevendo textos e textos no quadro ensandecidamente, seus alunos estarão ouvindo mp3, trocando torpedos ou tirando fotos com seus celulares. E aí, sim, faremos valer a triste máxima de que o professor faz de conta que ensina e os alunos fazem de conta que aprendem.

Protegido