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domingo, 9 de janeiro de 2011

Adeus ano velho

Publicado no Jornal da Cidade Online, em 02 de janeiro de 2011.
Vai entrando o novo ano, indo embora o velho, família reunida, ou amigos reunidos, ou sozinho mesmo. Toca a musiquinha adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Um misto de alegria com expectativa pelos próximos 365 dias de trabalho, amor e problemas a serem resolvidos acompanha o jingle. Não dá pra dizer que não ocorra nostalgia. É uma época propícia à reflexão, a uma retrospectiva interna. Muita gente chora ao lembrar de fatos, outras riem. Alguns agradecem os momentos passados, muitos ficam aliviados pelo final do ciclo, pelo final do ano.

Realmente, foi uma ideia sensacional dividir o tempo em anos, os anos em meses, estes em dias, os dias em horas, elas em minutos e os minutos em segundos. Logo após a meia-noite nada se transforma, os planetas não se alinham, as águas do oceano não sobem, o vento não aumenta, os peixes não passam a voar. Apenas a nossa percepção das coisas muda. É como se colocássemos uma pedra nos dias que passaram sob a alcunha de 2010 e renovássemos as vontades, os planos. Repetiremos o que fizemos em 2010. Com algumas diferenças, é claro, mas o ciclo se renova, prossegue.

Ao mesmo tempo que muita gente faz festa à beira-mar, cantando, bebendo, dançando, assistindo a shows, alguns preferem programas mais calmos, caseiros, mais centrados. À frente de casa tenho um exemplo. Uma igreja ficou aberta e fiéis rezaram desde cedo e seguiram até a virada.

Outras pessoas trabalham no dia 31. Estão uniformizadas ou mesmo vestidas informalmente. De um jeito ou de outro, o certo é que estão com os olhos, a boca, o corpo e parte do pensamento no ofício. O outro hemistíquio da mente está em casa, na esposa, nos filhos, nos amigos, na festa que está perdendo. Em 2005 para 2006 eu estava assim. Não é uma experiência das mais agradáveis. E por fim, temos aquela classe de pessoas que passa a mudança de ano sozinhas, com a televisão ligada, assistindo ao Show da Virada na Globo, algum outro programa ou mesmo um filme. Não considero a maneira mais interessante de trocar de ano, mas cada um comemora (ou não) da sua maneira. Ruim mesmo é estar num hospital comemorando. Estar doente não é nada agradável. Alguns anos antes, meu avô passou mal e fez a festa da virada com meus pais e minha irmã juntos, no hospital. De certa maneira foi bom, pois o problema que teve foi muito sério e poderiam ter ocorrido complicações maiores. Hoje está melhor, graças a Deus.

Mas não é para todos que o ano termina bem ou que inicia de pé direito. Com o aumento de bebuns nesse clima de festa, aumentam os acidentes de trânsito, crescem as mortes, derrama-se sangue no trânsito caótico e perigoso em que vivemos. Ao sair de casa é necessária muita atenção. Atenção além da conta. Para que iniciemos bem o novo ano e não terminemos nossa vida quando o ano recém está surgindo.

Ano novo e educação velha

Publicado no Jornal da Cidade Online, em 09 de janeiro de 2011.
O Brasil está num momento de euforia econômica, de lindos índices. A pobreza diminui progressivamente e a tendência é que caia ritmadamente. Mas a educação... a filha problemática do Governo, continua cambaleante. Anda como uma filha pequena, mal-amada pelos pais, maltratada e escanteada do contexto familiar. É o que esclareceu a revista ISTOÉ Independente, de 10 de dezembro de 2010, com a reportagem “A chaga da educação”, denunciando o que todos sabem ou já perceberam: a leitura no nosso país é fraca e os cálculos matemáticos andam de mal a pior.

Essa sentença é ilustrada pela realização, entre os dias 18 e 29 de agosto do ano passado nas cinco regiões brasileiras, a prova do Pisa (O Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Aplicada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o exame colocou-nos no vergonhoso 53º lugar dentre 65 países analisados. Foram avaliados conhecimentos em matemática, leitura e ciências.

Esteve na contramão dessa realidade educacional, a posse de Dilma no dia 1º de janeiro. Envolta aos números positivos da diminuição da pobreza absoluta no Brasil e a índices econômicos favoráveis que nos colocam como possível 5ª economia mundial dentro de alguns anos, não parece que estamos no mesmo país de 14 milhões de analfabetos e 15,6 milhões de analfabetos funcionais, conforme estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 09 de dezembro de 2010.

No discurso de posse, a presidente Dilma Rousseff ressaltou que junto com a erradiação da miséria, seu governo lutará pela qualidade da educação, saúde e segurança. São estes os três pilares da sociedade, onde a luta pela excelência deveria ser, há muito, ponto de honra. Mas jamais foi.

Nunca se falou tanto na importância da educação para o desenvolvimento do país. Contudo, as ações continuam estanques, nulas. Na edição de 31 de dezembro de 2010 do Jornal Zero Hora (Rio Grande do Sul), o artigo de opinião “As emoções fraudadas”, do professor universitário e membro da Academia Nacional de Medicina, José Camargo, alertou para os impulsos de euforia da economia brasileira contrapostos com os nossos índices vergonhosos de analfabetismo e semianalfabetismo. Como máxima em seu texto, disse o seguinte: “Nenhum país fez, ou fará, a escalada rumo ao desenvolvimento verdadeiro sem educação!”

Na mesma edição, a jornalista Rosane de Oliveira publicou na sua coluna que é a vez de Dilma ascender com luz própria no cenário político, depois de crescer sob a sombra do popularíssimo Lula. Dentre os pontos destacados que urgem como necessários para tratamento pela presidente, foi “...o desafio de acabar com o analfabetismo, melhorar a qualidade da educação e aumentar o tempo de permanência na escola. A história lhe cobrará caro -de Dilma- se negligenciar a educação”.

Todos pela educação. Ela é importante. E as palavras sobre os benefícios do ensino são empolgantes. Mas precisamos mais que frases bonitas, iniciando pelo salário dos professores. Dentre as profissões de ensino superior, a licenciatura figura como a irmã pobre. A revolução do ensino perpassa um salário digno aos professores.
Ainda, há muitas escolas sucateadas e a tecnologia, amplamente utilizada pelos estudantes em casa e na rua, ainda é um dragão assombroso nas escolas. É incipiente e necessita galgar largos passos para que seja inserida nas aulas, tornando-as mais atraentes aos discentes.

No Planalto, Dilma não deve esquecer-se de nossos estudantes. Não pode ignorar as crianças, porque serão elas que definirão o futuro, presidirão empresas, escolherão governantes nas eleições, serão a população economicamente ativa. E só seremos um país de iguais oportunidades se, hoje, todos os estudantes tiverem um ensino de qualidade. Caso contrário, continuaremos com a vergonhosa realidade educacional que presenciamos.

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