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A MULHER-OBJETO E A VIOLÊNCIA

Fiquei muito feliz com o tema de redação do ENEM 2015, abordando uma temática muito dolorosa e vergonhosa em nosso país: a violência contra a mulher.
Para auxiliar no estudo em aula da estrutura da redação dissertativo-argumentativa (estrutura solicitada nesse exame nacional), elaborei um exemplo.


Tema da redação: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

A mulher-objeto e a violência

A mulher, dentro da sociedade brasileira, sempre teve um papel servil ao homem, sendo tratada com desrespeito e violência. Mesmo com a evolução da mentalidade ao longo dos anos, a tradição machista que perpetua essa lógica perversa, por ser histórica, tem sua modificação lenta. Além disso, a banalização do corpo feminino na mídia reforça essa ideia.
Há menos de um século era comum apenas os homens trabalharem fora de casa e as mulheres ficarem com os afazeres domésticos. Como apenas um dos dois provinha o sustento, restava à outra parte submeter-se às vontades da primeira. Ainda hoje encontramos discursos machistas que, obsoletos, defendem a subserviência feminina. Dessa forma, não é incomum aparecerem notícias de mulheres serem estupradas sob a desculpa infame de provocarem o ato ao usar roupa curta ou caminhar em lugares impróprios, em horários inadequados.
Não bastasse as raízes da violência contra a mulher estarem fincadas em razões históricas, a banalização do corpo feminino pela mídia reforça a ideia de mulher-objeto. O trecho “ajoelha e chora, quanto mais eu passo laço, muito mais ela me adora...”, de conhecida música tradicional gaúcha, e em propagandas direcionadas ao público masculino, em especial as de cerveja, como a personagem Verão, a mulher é apresentada como alguém que gosta de ser usado. Essas são falácias propagadas como verdade.

Todas as pessoas devem ser respeitadas como seres humanos, independente de gênero ou qualquer outra característica. O caminho possível para a diminuição da violência contra as mulheres é através do amplo debate com a sociedade e de punições mais severas de atitudes machistas e desrespeitosas. Dessa forma a mulher deixará de ser vista como objeto e não mais se encontrarão justificativas para assédio ou agressão.

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