No Rio Grande do Sul é bastante comum, devido à proximidade com
o país hermano, o chiste de que só valeria a pena combater numa guerra se fosse
contra os argentinos. Coisas de rivalidade no futebol... na real, se houvesse
uma guerra, dificilmente haveria vontade (ou coragem) em participar dela.
Se o país entrasse em Estado de Guerra e fosse iminente a vinda
do conflito nas proximidades da minha residência, buscaria asilo para um país
em paz: morrer lutando, enquanto os causadores riem de nós sentados em seus
gabinetes?
O confronto entre Israel e o Hamas é uma prova disso: quase dois
mil palestinos –a maioria de civis- e menos de 100 israelenses morreram. Os
rebeldes do Hamas já deveriam ter jogado a toalha branca e partido para a
negociação muito antes de a situação chegar a esse ponto. Porém, insistem em
duelar com um adversário muito mais forte (amparado pelos EUA), vendo os seus
morrerem... eles não me parecem
preocupados com o seu povo.
A humanidade tem vocação para confrontos bélicos. Desde a origem
da civilização conhecida até hoje são inúmeros os exemplos em que se deixou a diplomacia de lado e a hastag do momento sempre foi #partiuguerra.
E o que motivava as pessoas a lutarem, sacrificarem a própria
vida?
Um ideal para lutar.
As pessoas deixaram de acreditar que um confronto armado seja a
melhor solução. E por quê? Porque há mais acesso à informação hoje em dia
através da difusão da televisão, de jornais impressos e da internet; e em razão
do aumento do nível de escolaridade. Começou-se a perceber que os ideais
propostos pelos “líderes” e que culminavam em combates eram teorias muito
bonitas no papel, na voz de pessoas preparadas, em imagens, entretanto, pouco
praticáveis ou, pior ainda, boas para poucas pessoas e ruins para a maioria.
Hitler não perdeu a guerra sozinho. Havia muita gente o apoiando
e Goebbels, seu braço direito, sabia que a propaganda era a alma do negócio. As
palavras são maleáveis e os pontos de vista, vários. E o seu Ministro da
Propaganda fez dos pensamentos sádicos de seu chefe militar, uma utopia
aceitável para muita gente. Hoje, pensa-se diferente. Mas à época, ele recebia
endosso de muito pobre e rico, analfabeto e letrado.
O Führer foi uma
farsa. Uma farsa bem propagandeada. Ele vendeu um ideal, vendeu ilusões
coletivas. E muitos engoliram.
Há outras ilusões coletivas propagandeadas em todos os lados: quem
acredita que há armas de destruição em massa no Iraque, essa história para boi dormir dos Estados
Unidos? Ou na seriedade do governo chinês que se diz Comunista para poder
centralizar o poder, mas age como capitalista liberal, quando lhe convém? Quem
põe fé nas palavras da família Castro, em Cuba, pelo ideal da igualdade, num
país sucateado e pobre?
Então, por que tantos norte-americanos morreram no Iraque?
De graça é que não foi. Para muitas pessoas marginalizadas
–principalmente hispânicos que não possuíam o visto para permanência-
convocadas a combater no front, os
polpudos dólares que receberam por defender os interesses da Casa Branca valiam
a pena. Se não vivessem para curtir o dinheiro, pelo menos a família o teria
para sobreviver.
Aí, sim, falamos de um ideal pelo qual vale a pena lutar, morrer: a família.
Se não fosse pela vida dos entes amados e o dinheiro que eles
receberiam com a ida à área de conflito, certamente o contingente de militares
no Iraque teria um grande déficit.
Não é diferente nas Forças Armadas. Lutar pela nação, com o
sacrifício da própria vida há muito em canções de corrida. Experimenta cancelar
o salário desses utópicos e convocá-los para missões em áreas de conflito!
Experimenta pagar um salário mínimo!
Ideais coletivos servem para mobilizar multidões. Hitler sabia
disso e se valeu dessa máxima. Os políticos bem utilizam a mídia para
elegerem-se e aprovarem leis. A águia
da América ilude coletivamente seus cidadãos levantando a bandeira do amor à pátria e massacrando nações que
barram o seu avanço. Mas somos críticos, informados e cai bem não acreditar em
todas essas ilusões vendidas e difundidas na televisão.