sábado, 2 de abril de 2016

Carta de final de ano a meus alunos III

Continuação das publicações das cartas de final de ano de 2015 aos meus alunos...

Queridas alunas e queridos alunos do 7º Ano,


ESTÁ TERMINANDO O ANO... Vocês vão ter alguns meses para descansar, divertir-se, passear, viajar, acordar tarde e ficar longe da escola. Eba! Chega de provas, de professores chateando, de cadernos, de copiar, de exercícios no quadro, de ler em voz alta, de acordar cedo, de troca de período. Eba! vocês estão livres de Soletrando, concurso literário, poemas, contos, porquês, verbos, acentos, hiatos, pronomes, etc.
Ah... mas, também, chega de recreios, de passeios nos corredores, de espiar o menino bonito na turma da frente, a garota bonita no pátio, de grupinhos de guris e gurias, de conversar com os colegas...
A escola é um lugar legal! Sempre tem alguma coisa nela que não gostamos, mas sempre haverá algo que não é bacana em tudo o que fazemos, em todos os lugares por onde vamos.
Terminamos o segundo ano juntos, quase todos os dias nos vendo, todas as semanas tendo aula. Se não fui legal com alguém algum dia, em algum momento, peço-lhes desculpa. Sou humano e também tenho limitações, também erro. Mas fiz o que achava certo naquele momento.
Não achem que ser exigente é ser ruim, não achem que fui exigente porque não acreditava no potencial de vocês. Pelo contrário: fui exigente porque sabia do que vocês eram capazes, porque sabia que podiam ir além. E foram!
Que trabalhos maravilhosos fizeram! Falaram na frente da turma várias vezes, escreveram poemas lindos, resumiram livros, soletraram uma enormidade de palavras, trabalharam em grupo, trabalharam em trio, dupla, sozinhos...
VOVCÊS ESTÃO A CADA DIA MAIS MADUROS, MAIS ADULTOS! Ano passado eram crianças, adolescentes recém vindos da infância. Agora são muito mais que isso. Cresceram, ficaram mais espertos, mais inteligentes, mais responsáveis, mais tudo...
É verdade que têm muito o que melhorar, muito a crescer, mas é preciso admitir que vocês estão mais independentes a cada momento.
Conviver com vocês foi muito bom para mim. Ensinei o que pude e aprendi muito com cada um. Aprendi muito com a experiência de cada um de vocês. Adorei ser seu professor em 2015, mais ainda que em 2014!
Desejo-lhes um ótimo Natal, ótimas festas de final de ano, umas férias preguiçosas, dorminhocas, divertidas e alegres!
ATÉ O ANO QUE VEM!
Com carinho.

sábado, 19 de março de 2016

Carta de final de ano a meus alunos II

Seguem as publicações das cartas de final de ano de 2015 aos meus alunos...

Queridas alunas e queridos alunos do 1º Ano,

O ano está se encerrando e quando olho para trás, percebo que muita coisa foi feita. Desde estudo de conteúdos que vocês acham que nunca mais verão ou utilizarão na vida (em alguns casos é verdade), até debates e reflexões sobre assuntos do quotidiano, que convivemos diariamente. Foram haicais, lançamento de livro, dissertações, poemas, leituras orais, provas, rachas-cuca e por aí segue...
Tivemos uma média de poucos alunos em sala de aula. Mas os poucos que vêm, ah, esses têm qualidade. Vocês são pessoas inteligentes, esforçadas, críticas e muito maduras pela idade. Alguns colegas trabalham e isso conta a favor dos estudos. Sim!, a favor, porque lhes deixa mais responsáveis, com maior sede por aprender, mais objetivos em aula, com maiores objetivos de vida, mais desejo de ser alguém na vida.
Vejo estudantes com brilho no olhar! Com pensamentos complexos, conflitos internos, desejos astronômicos! Isso é ótimo! Sigam assim! Perder o desejo de sonhar é morrer para a vida, deixar de querer algo mais é contentar-se com o pouco, e você são muito para quererem o pouco.
Por isso, não aceitem um “não”. Respeitem, mas não aceitem. Digam a si mesmos “sim”, “sim, eu vou” e lutem por esse sim, lutem pelo que vocês querem. Não se contentem com as aulas da escola, busquem mais, busquem nos livros, na internet, no Google, no Youtube, nas provas de concurso, nos grupos de debate, nos jornais, nas notícias.
Tem um mundo de oportunidades à espera de vocês agora mesmo! Digam a elas “sim”, busquem-nas, por mais difíceis que possam ser.
Por fim, gostaria de agradecer pelo convívio, pela troca de experiências, pelo respeito e carinho de cada um. Peço desculpas se fui grosseiro ou agi errado com alguém. Com certeza, não foi a minha intenção, mas erramos. Gostaria de dizer-lhes que amei trabalhar com vocês, que fico triste porque o ano termina e nossas aulas também, mas ao mesmo tempo fico alegre porque vejo vocês progredindo nos estudos.
Um ótimo final de ano, que 2016 venha com muita alegria, realizações e saúde!


Com carinho.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Carta de final de ano a meus alunos I

Ao final de 2015 escrevi algumas cartas aos meus alunos, aos de 12, 13, 14, ... 45, 46, 50 e por aí vai a idade deles...

Publico-as.


Queridas alunas e queridos alunos da Etapa 7,


Depois de um ano puxado, de muito estudo, de batalha, de esforço para conciliar casa-trabalho-escola, vêm as tão esperadas férias. Com ela, um tempinho a mais com a família, com os amigos, com vocês mesmo(as). E isso é muuuuuito bom!
Virá a saudade de rever todos os dias os(as) colegas queridos(as), bater papo com quem nos faz bem. Mas ano que vem tem de novo...
Um dia você deixou de estudar e se arrependeu. Viu que não foi a melhor escolha. Pode ser que deixou de estudar por força maior. Mas a vida se encarregou de dar uma segunda chance e você decidiu agarrá-la com força e aqui está! Que ótimo!
Fato é que, se você está aqui, agora, é porque deixou muita coisa para trás, deixou muita gente esperando em casa. Se veio para cá é porque está lutando por um futuro melhor.
Nesse semestre aprendi muita coisa com vocês. Aprendi a admirar cada um, a admirar o esforço e a persistência de virem em dias de chuva, quando as ruas estão intransitáveis; dias de frio, quando o corpo pede um pouco de calor e vocês enfrentam o frio de rachar para estudar. Admiro porque com todas as dificuldades por ficar anos fora da escola, não desistiram. Admiro porque o medo de falar em público, apesar de ser muito grande, foi superado. Admiro porque demonstraram serem muito críticos e apresentaram argumentos consistentes em defesa dos direitos da mulher. Admiro porque, mesmo com todas as dificuldades existentes, ainda assim vieram para a escola com um sorriso no rosto e o olhar atento para aprender.
Mas o ano está acabando e as aulas, junto dele. E todos merecemos um pouquinho de água fresca, pelo menos de vez em quando. Essa aguinha fresca se chama “férias” e vem num momento importante, quando estamos esgotados do estudo e do trabalho.
Que ótimo que você está aqui! Que ótimo que você continua aqui! E será ótimo se você continuar aqui! Será ótimo para mim, porque admiro muito a fibra que vocês têm em seguir estudando; e ótimo, principalmente, para você, que seguirá na luta por dias melhores.
Agradeço pelas aulas que tivemos e os momentos maravilhosos que o nosso convívio me proporcionou. Sempre vim feliz para a escola, pois me dá prazer trabalhar com vocês.
Peço que não desistam dos seus sonhos. Aqueles sonhos que escreveram no primeiro dia de aula. Porque se vocês desistirem, aqueles que dependem de vocês perdem as esperanças; aqueles que estão ao lado de vocês, se desanimam; e aqueles que lecionam a vocês vão perceber que não conseguiram ajudar-lhes a modificar a sua realidade.
Um ótimo final de ano, que 2016 venha com muita alegria, paz e saúde. Que sejam cada vez mais felizes com a família de vocês.

Com carinho.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A MULHER-OBJETO E A VIOLÊNCIA

Fiquei muito feliz com o tema de redação do ENEM 2015, abordando uma temática muito dolorosa e vergonhosa em nosso país: a violência contra a mulher.
Para auxiliar no estudo em aula da estrutura da redação dissertativo-argumentativa (estrutura solicitada nesse exame nacional), elaborei um exemplo.


Tema da redação: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

A mulher-objeto e a violência

A mulher, dentro da sociedade brasileira, sempre teve um papel servil ao homem, sendo tratada com desrespeito e violência. Mesmo com a evolução da mentalidade ao longo dos anos, a tradição machista que perpetua essa lógica perversa, por ser histórica, tem sua modificação lenta. Além disso, a banalização do corpo feminino na mídia reforça essa ideia.
Há menos de um século era comum apenas os homens trabalharem fora de casa e as mulheres ficarem com os afazeres domésticos. Como apenas um dos dois provinha o sustento, restava à outra parte submeter-se às vontades da primeira. Ainda hoje encontramos discursos machistas que, obsoletos, defendem a subserviência feminina. Dessa forma, não é incomum aparecerem notícias de mulheres serem estupradas sob a desculpa infame de provocarem o ato ao usar roupa curta ou caminhar em lugares impróprios, em horários inadequados.
Não bastasse as raízes da violência contra a mulher estarem fincadas em razões históricas, a banalização do corpo feminino pela mídia reforça a ideia de mulher-objeto. O trecho “ajoelha e chora, quanto mais eu passo laço, muito mais ela me adora...”, de conhecida música tradicional gaúcha, e em propagandas direcionadas ao público masculino, em especial as de cerveja, como a personagem Verão, a mulher é apresentada como alguém que gosta de ser usado. Essas são falácias propagadas como verdade.

Todas as pessoas devem ser respeitadas como seres humanos, independente de gênero ou qualquer outra característica. O caminho possível para a diminuição da violência contra as mulheres é através do amplo debate com a sociedade e de punições mais severas de atitudes machistas e desrespeitosas. Dessa forma a mulher deixará de ser vista como objeto e não mais se encontrarão justificativas para assédio ou agressão.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

TALENTOS DA NOVA GERAÇÃO: LA ESCUELA


Concluindo a publicação dos textos vencedores do 3º Concurso Literário Elvira Ceratti, ocorrido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Elvira Ceratti, de Uruguaiana – RS, vamos ler a crônica vencedora da aluna Silvana Gomes e o poema vencedor entre as quatro séries dos anos finais na categoria “Texto em espanhol” da aluna Thalia Espírito Santo.




La escuela (texto em espanhol – 6º a 9º Anos) – Aluna Thalia da Costa Espírito Santo – 9º Ano

Hacer de la
Escuela un
Lugar
Inmenso de sonrisa
Disfrutar cada
Instante al lado
De los amigos, una escuela que trae
Alegría, mostrando la ruta segura
De cada alumno y de la escuela que van salir
Estrellas de la educación


É primavera (crônica) – Aluna Silvana Gomes – 9º Ano

É primavera, amanhece lá no Sul, pássaros fazendo alvorada e os gaúchos fazendo mateada.
Entardece lá no Nordeste, os nordestinos fazem baião com grande alegria no coração, pois na tarde de sol de primavera tudo tem mas emoção.
Todos saúdam a primavera, pois novos passeios os esperam.
Na primavera tudo se alegra, o sol é mais radiante, os pastos mais verdejantes, as roupas são mais leves e as pessoas mais alegres. Temos frutas de variados sabores e as flores também nascem para presentear nossos amores.
Ficamos mais alegres e mais alertas. Com a chegada da primavera, todos levantam as mãos para o céu, esquecendo o que já era e vivendo a nossa era.
É hora de graça, cor e vida.
Por que vamos nos preocupar com outrora se o que importa é o agora? Por isso, esqueça suas tristezas, aproveite essa brisa, aproveite a vida. Se olharmos para trás não vamos saber o que vem à frente. Se a vida te deu uma rasteira, levante e tente de novo, sorria. Amanhã é outro dia, aproveite essa era, pois é primavera.

domingo, 21 de dezembro de 2014

TALENTOS DA NOVA GERAÇÃO: VIVER A VIDA

Dando continuidade à publicação dos textos vencedores do 3º Concurso Literário Elvira Ceratti, ocorrido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Elvira Ceratti, de Uruguaiana – RS, publico os poemas das categorias 7º Ano (poema) e 8º Ano (poema):

Viver a vida (poema) – aluna Adriana da Costa Espírito Santo – 7º Ano

Viver a vida é...
Passar com a família
é estar em cada momento
com seus amigos.

Viver a vida é...
aproveitar cada instante
Porque na vida não há
retornos, somente recordações

Na vida temos que aproveitar
o minuto que é tão doce e profundo
que existe uma vez no mundo.

A primavera... cor e amor (poema) – Nathaly Quevedo dos Santos – 8º Ano

A primavera é a mais bela,
As árvores estão frondosas
as flores são mimosas
isso só acontece na primavera

As cores das flores
aparentam ter sabores
As cores das flores
querem mais amores

poder ver as flores abrindo,
As folhas caindo,
as cores surgindo
é um privilégio agindo

Acordar de manhã e escutar
os pássaros cantando
vê-los voando, no céu rodando

no chão dançando.

domingo, 14 de dezembro de 2014

TALENTOS DA NOVA GERAÇÃO: BORBOLETA AZUL

COMPARTILHO COM VOCÊS O PRIMEIRO DE CINCO TEXTOS MARAVILHOSOS QUE FORAM OS VENCEDORES DO 3º CONCURSO LITERÁRIO ELVIRA CERATTI. O concurso ocorre desde 2012 na Escola Municipal de Ensino Fundamental do Complexo Escolar Elvira Ceratti, com alunos de 6º a 9º anos. A escola está localizada no bairro São Cristóvão, União das Vilas, em Uruguaiana – RS.
Foram 144 textos inscritos em cinco categorias:
- 6º Ano (conto);
- 7º Ano (poema);
- 8º Ano (poema);
- 9º Ano (crônica);
- Texto em espanhol (6º a 9º anos).

Borboleta azul (conto) – aluno Carlos Alexandre Aimon – 6º Ano


Era uma vez um menino igual a todos. Ele só tem um problema: ele é paraplégico. Os médicos lhe falaram que tinha poucos dias de vida. Quem olha diz que ele aceitou aquela doença. Mas vamos logo à história, né.
Ivan sempre ficava ali olhando os outros meninos na rua jogando bola. Olhava eles pela janela. Seu sonho era pegar uma borboleta azul. É, uma borboleta, sim!
Todos riam dele, mas Ivan ignorava. Não dava bola para os outros.
Um dia conheceu um escritor que conhecia uma selva cheia de borboletas azuis.
Chegou o dia de ir à selva. Ivan estava feliz porque iria ver uma borboleta azul que queria. Viajou de avião, pegou um barco, viu macacos, aranhas. Chegou a uma cidade na selva, perto de rios, riachos e matagal.
No outro dia, Ivan procurou as borboletas azuis, passou por lagoas e riachos e nada de borboletas. Ivan já estava cansado. Anoiteceu e os dois voltaram à cidade.
Amanheceu. Ivan estava louco para ir à selva. Saíram cedo, pegaram o mesmo caminho. Passou uma hora e nada. Ivan já estava cansado de segurar nas costas o escritor. O escritor convidou Ivan para ir numa cachoeira e Ivan aceitou. Nadaram bastante. Estava escurecendo, Ivan e o escritor voltaram.
Amanheceu, passaram mais três dias e nada.
Um dia viram uma borboleta. O escritor correu. Quando estavam por pegar, caíram num buraco, se seguraram num galho, saltaram numa parreira. O escritor quebrou a perna e estava sangrando muito.
Ivan estava com tanto medo, pegou a faca do escritor e foi se arrastando.
Amanheceu, a mãe de Ivan estava ali ao lado dele, tentando acordá-lo. Ele acordou, falou que o escritor estava mal, pero da cachoeira.
Dois homens saíram, que estavam com a mãe de Ivan. Os dois homens saíram correndo. Ivan e sua mãe foram até a cidade e os homens estavam trazendo o escritor num tronco de uma árvore. Pegaram as coisas de Ivan e foram à cidade de barco. Antes de ir uma menina gritou “Ivan!” e ele perguntou o que ela queria.
Ela lhe deu uma borboleta azul numa gaiola de madeira pequena. Ele deu um abraço nela e disse “obrigado!”.
Subiu no barco e foram à cidade rapidamente. Chegando lá, Ivan pensou em largar a borboleta. Largou-a e pensou que um dia estaria também voando, só que em outro lugar no céu.

Protegido