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DO TEMPO DO MIMEÓGRAFO

Você lembra daquela maquininha que de uma matriz com papel carbono faz surgir muitas cópias a medida que uma manivela é girada? Pois encontrei um exemplar desses, o mimeógrafo , no Museu das Comunicações de uma universidade que visitei. Estavam expostos diversos objetos utilizados no Século XX. Eram rádios gigantescos e nos mais diferentes formatos, televisores de imagem preto e branco, discos LP , os primeiros aparelhos de fax e de telefone que surgiram no mercado, máquinas de escrever e o dito mimeógrafo. Ele é um artefato do passado , mas, infelizmente, também do presente . Não deveria mais ter lugar nas salas de aula, contudo, continua sobrevivendo como ferramenta em muitas escolas brasileiras. Tão triste quanto isto é constatar, também, que além de não nos desprendermos de objetos do passado, ignoramos as novas tecnologias. O computador , projetores de imagem, aparelhos de DVD e de som são mídias mais atualizadas, mas continuam sendo monstros para grande parte dos docentes. A

A garota do assento sanitário

Publicado no Jornal da Cidade Online , em 13 de fevereiro de 2011. Perguntei-me, há alguns dias, o que levaria uma empresa que vende assentos sanitários a colocar a imagem de uma mulher na embalagem do produto. Não fui só eu. Quem estava a minha volta questionava-se, também, quanto ao motivo. Estranhamente, aparecia escrito “assento sanitário plus – modelo universal” . Havia mais informações, inclusive: “material almofadado. Acesse nosso site www.nomedaempresa.ind.br". Tinha, também, o SAC, Serviço de Atendimento ao Cliente. Fiquei tentado a ligar para lá e indagar o motivo de uma mulher jovem , possivelmente antes dos 20 anos, loira, produzida um pouco no Photoshop (arrisco eu), aparecer na embalagem de algo que serve para as pessoas sentarem na hora de irem aos pés. As cervejarias e outras que vendem produtos de baixo valor e grande vendagem utilizam uma técnica semelhante, onde associam os seus produtos a imagens de mulheres impecavelmente lindas de rosto e corpo, banhadas

VOCÊ FALA CORRETAMENTE?

Publicado no Jornal da Cidade Online , em 06 Fev 2011 Essa língua portuguesa vem, cada vez mais, conspurcada ... Deletou o texto? Printou o texto? A língua tá sendo engolida por essas coisas todas... pode ser um processo normal , pode ser um enriquecimento da língua , mas pode ser, também, às vezes, um desvio . Pode ser um abuso , porque se você tem a palavra em português, por que não usá-la corretamente? Essa invasão da língua talvez seja não conhecer a língua e vai assimilando o que vem como vem. Aí vem com a bandeira de libertário , de inovador. É um grande engano . Por favor, não atirem pedras neste cronista. Apenas reproduzi a fala tosca do jornalista e escritor Ignácio de Loyola Brandão , em entrevista ao profess or Pasquale Cipro Neto , num DVD da TVEscola, promovido pela Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação. Na ocasião, o escritor comentava do grau de responsabilidade que possuía um cronista de jornal. Ele via o seu papel de comunicador como uma gran

ENEM, ProUni e vestibulares pelo Brasil

Publicado no Jornal da Cidade Online , em 30 de janeiro de 2011. A busca por uma educação de qualidade perpassa mais acesso a escolas e universidades e à qualidade do ensino . Ao menos em um destes aspectos, estamos caminhando positivamente. Aumentamos , em 2009, o número de cursos de ensino superior. É uma vitória. Mas estudar em uma universidade ainda é privilégio de alguns e um sonho longínquo para a grande maioria. No site da UOL, deste sábado, 29, a manchete “Número de cursos de graduação cresce 13% em um ano, mostra censo do MEC”, indica o aumento significativo da oferta de cursos de nível superior no Brasil em 2009, com relação a 2008. Tivemos um salto de 24,7 mil para 28,6 mil cursos . Alavancou este crescimento, a educação a distância , com aumento expressivo de 30,4% em relação ao total. Essa explosão das instituições de educação a distância deve ser muito bem recebida. Porque, com preços mais acessíveis, uma enorme fatia da população brasileira pobre saiu da marginalizaçã

CORPOS NUS, TARAS E PRISÕES

Publicado no Jornal da Cidade Online , em 23 de janeiro de 2011. Ela endoideceu, tirou as roupas e saiu à rua. Caminhou menos de quadra e encontrou dois garotos, assustados agora, e começou a rebolar. Esfregou a bunda na cara do mais alto, na velocidade cinco e cantarolou algo que os dois não tiveram condições psicológicas de compreender no momento. Encontrou duas pequenas folhas soltas no chão, esvoaçadas da árvore que as repelira naquela manhã de outono. Por decoro, usou-as para tapar os bicos dos seios. Deixou ambos os jovens boquiabertos num canto da rua e prosseguiu seu desfile glamoroso pela avenida mais movimentada da cidade. Duas velhinhas com sombrinhas bem coloridas protegendo-se do sol viram a Boazuda da Avenida de longe e começaram a aplaudi-la, ovacioná-la e a assoviar. Mas Claudino Torres, policial há dez anos, poderoso no seu traje cinza, recheado de divisas, brevês e pompas, cortou o barato das anciãs e da nossa protagonista. Prendeu a moça em flagrante delito . Ta

Adeus ano velho

Publicado no Jornal da Cidade Online , em 02 de janeiro de 2011. Vai entrando o novo ano, indo embora o velho, família reunida, ou amigos reunidos, ou sozinho mesmo. Toca a musiquinha adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Um misto de alegria com expectativa pelos próximos 365 dias de trabalho, amor e problemas a serem resolvidos acompanha o jingle. Não dá pra dizer que não ocorra nostalgia. É uma época propícia à reflexão, a uma retrospectiva interna. Muita gente chora ao lembrar de fatos, outras riem. Alguns agradecem os momentos passados, muitos ficam aliviados pelo final do ciclo, pelo final do ano. Realmente, foi uma ideia sensacional dividir o tempo em anos, os anos em meses, estes em dias, os dias em horas, elas em minutos e os minutos em segundos. Logo após a meia-noite nada se transforma, os planetas não se alinham, as águas do oceano não sobem, o vento não aumenta, os peixes não passam a voar. Apenas a nossa percepção das coisas muda.

Ano novo e educação velha

Publicado no Jornal da Cidade Online , em 09 de janeiro de 2011. O Brasil está num momento de euforia econômica, de lindos índices. A pobreza diminui progressivamente e a tendência é que caia ritmadamente. Mas a educação... a filha problemática do Governo, continua cambaleante. Anda como uma filha pequena, mal-amada pelos pais, maltratada e escanteada do contexto familiar. É o que esclareceu a revista ISTOÉ Independente, de 10 de dezembro de 2010, com a reportagem “A chaga da educação”, denunciando o que todos sabem ou já perceberam: a leitura no nosso país é fraca e os cálculos matemáticos andam de mal a pior. Essa sentença é ilustrada pela realização, entre os dias 18 e 29 de agosto do ano passado nas cinco regiões brasileiras, a prova do Pisa (O Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Aplicada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), o exame colocou-nos no vergonhoso 53º lugar dentre 65 países analisados. Foram avaliados conhecim